O grafite, um dos componentes das baterias dos carros elétricos, arrisca tornar-se o novo foco de tensão entre os Estados Unidos e a China, depois de Washington ter anunciado um aumento, em 25%, das taxas sobre as importações de ânodos de grafite natural e sintético oriundos do mercado chinês.

A notícia é avançada pelo jornal Financial Times, segundo o qual a administração norte-americana está a pressionar os fabricantes de automóveis elétricos e de baterias para promoverem uma cadeia de abastecimento que não inclua componentes da China.

As taxas alfandegárias deverão ser aplicadas a partir deste mês, apesar de a produção chinesa ser responsável por 97% dos fornecimentos globais daquele material.

Esta decisão surge depois de, em maio, os Estados Unidos já terem anunciado um aumento de 25% das taxas sobre o grafite natural (uma forma de carbono) processando na China, a entrar em vigor daqui a dois anos. A administração Biden havia igualmente deliberado que, a partir de janeiro de 2025, os fabricantes de veículos elétricos que usem baterias com componentes chineses poderiam continuar a candidatar-se aos subsídios federais contemplados no pacote de combate à inflação.

Para os analistas, citados pelo Financial Times, o grafite constitui o novo calcanhar de Aquiles de Washington no confronto com Pequim. “O governo americano foi forçado a reconhecer que os fabricantes de baterias precisam o grafite chinês a curto prazo, sob pena de os veículos não se poderem candidatar aos apoios”, comentou Georgi Georgiev, da consultora Fastmarkets. Mas – acrescentou – os Estados Unidos “estão firmemente determinados a fechar esta torneira assim que possível, dando às empresas alguns anos para construírem de raiz uma nova cadeia de abastecimento”.

Os ânodos de grafite são um componente necessário para todas as baterias de lítio, mas – na ótica do consultor da New Electric Partners Ross Gregory, citado pelo jornal, “existe a perceção de que são muito baratos, muito sujos e muito fáceis de obter através da China, pelo que o trabalho de garantir fontes alternativas foi quase completamente negligenciado pelos fabricantes de veículos elétricos e de baterias não chineses”.