Uma das plataformas logísticas da Transitex está situada num ponto estratégico: Elvas. Perto dos principais portos portugueses, apresenta-se como uma mais-valia para o mercado português, e também para o espanhol, uma vez que pode ser o ponto de entrada e saída para mercadorias que se querem dentro e além-fronteiras. Além dos produtos que já recebe, armazena e expede, como tomate, azeite, fruta ou pedra, está agora habilitada a tratar produtos lácteos, carne e peixe fresco. A Supply Chain Magazine foi ao encontro desta novidade, visitou a infraestrutura logística e conheceu as operações. 

A Transitex é o operador global logístico da Yilport Holding. Dispõe de serviços terrestres, aéreos e marítimos, está localizada em quatro continentes, tem presença em 23 países e mantém parcerias com Moçambique, África do Sul, China, Reino Unido e Brasil. A sede global situa-se em Lisboa, e detém duas plataformas em Portugal: uma no Porto e outra em Elvas. 

A plataforma logística de Elvas foi construída em 2005 e, desde então, tem vindo a sofrer algumas atualizações. Tem uma área total de 9.579 metros quadrados, situa-se na fronteira entre Portugal e Espanha (a 12 quilómetros de Badajoz), serve exportadores inland de Portugal e região da Extremadura espanhola, e importa da América do Sul e África do Sul. Dos três hectares de área total, 1.000 metros quadrados estão alocados a um armazém de temperatura ambiente, e 2.500 metros quadrados a um de temperatura controlada. Permite a carga e descarga de camiões/contentores completos em regime de carga total ou grupagens, importação e exportação (para vários destinos comunitários ou não comunitários). 

A plataforma logística de Elvas está autorizada a receber mercadorias sob qualquer estatuto. O layout do armazém a temperatura controlada é, então, abrangido pelos estatutos aduaneiros, sendo possível efetuar a descarga de camião, consolidação ou desconsolidação de contentores, manipulação de mercadoria paletizada ou a granel. Tomate, azeite, azeitona, pedra e bebidas são algumas das mercadorias que esta plataforma recebe e exporta.

Recentemente obteve autorização para rececionar, expedir e armazenar produtos lácteos e derivados (iogurtes e manteiga), carne fresca embalada e derivados, como enchidos, e também peixe fresco. A mercadoria é rececionada e expedida com base no Protocolo de Qualidade Interno. Além dos estatutos aduaneiros, o armazém de exportação é autorizado, têm entreposto aduaneiro público, posto de controlo fronteiriço e qualidade alimentar. Este armazém inclui uma área de expedição completamente refrigerada e duas câmaras refrigeradas projetadas, desde o início, para serem ajustadas se necessário. “Caso tenhamos a necessidade futura de ter mercadoria que careça de um intervalo de temperatura diferente, podemos, no imediato, dividir as câmaras ao meio e ficar com dois intervalos de temperatura”, explica Filipa Rodrigues, manager da Plataforma Logística de Elvas. Ambas as câmaras têm 650 metros quadrados, três equipamentos de frio, e têm a capacidade de cumprir intervalos de temperatura de 0ºC a 12ºC positivos. Para o futuro, se for necessário, a Transitex, em conjunto com os clientes e/ou parceiros de negócio, pode vir a ampliar este espaço para mais duas câmaras frigoríficas e até uma outra dedicada a congelados. 

O armazém refrigerado também é uma mais-valia para a Transitex, nomeadamente na época dos citrinos, cuja campanha já se encontra a decorrer. Uma parte da mercadoria de fruta que a empresa recebe nas suas instalações vem da América do Sul e África do Sul. Neste caso, não é só o mercado português que importa este tipo de produtos, mas também o espanhol, uma vez que este é, em 80% dos casos, o seu destino final após o procedimento aduaneiro e fitossanitário.

Grande parte das unidades contentorizadas que transportam este tipo de mercadoria entram pelos portos portugueses, nomeadamente em Sines e Lisboa, garantindo um transit time curto, o que é essencial tendo em conta que se trata de produtos perecíveis. Contudo, por vezes, estes terminais acabam por receber um grande volume de carga, tornando-os demasiado congestionados. Assim, este armazém refrigerado pode apresentar-se como uma solução para os clientes portugueses e espanhóis, visto que os contentores que chegam a estes terminais marítimos podem ser imediatamente transferidos para o Entreposto Aduaneiro Público da Transitex, em Elvas.

Deste modo, reduzem-se os custos financeiros relativamente a paralisações, e acelera-se o processo de controlo fitossanitário e qualidade alimentar nas instalações, permitindo entregar a mercadoria no destino final de forma rápida. Além disso, há uma outra vantagem: “Os produtos espanhóis têm de passar pela avaliação de Fitossanidade, mas estamos a 10 quilómetros de Badajoz. Portanto, os contentores são carregados aqui, enviados ao Posto de Inspeção Fitossanitária de Badajoz, e seguem caminho para os portos de embarque”, afirma Veronique Cellier, reefer manager Iberia & sales manager Elvas reefer warehouse. 

 

A mais-valia da zona fronteiriça 

No passado, a estação ferroviária de Elvas consistia numa porta de entrada e saída para vários tipos de composições ferroviárias, nomeadamente no transporte de produtos como cereais e carvão. Assim, a linha veio ajudar a levar estes produtos até aos grandes centros como Lisboa, Setúbal ou Leixões. A Transitex tem um terminal rodo-ferroviário nas suas instalações, com uma linha ferroviária privada que permite ligações diretas entre portos portugueses e espanhóis. Do outro lado da linha, é possível observar os antigos silos que aglomeravam produtos como cereais e carvão destinados aos grandes centros. De momento, os silos não têm utilidade, mas a linha deste terminal trouxe à Transitex uma mais-valia para o futuro. Atualmente está capacitada para receber e expedir uma composição ferroviária de 600 metros, garantindo a carga e descarga de contentores marítimos cheios e/ou vazios. Aqui é possível consolidar e desconsolidar unidades contentorizadas rececionadas por rodovia e/ou ferrovia sob qualquer estatuto aduaneiro, visto que estão disponíveis várias infraestruturas capacitadas para manusear mercadoria seca ou refrigerada.

Atualmente, a linha está em fase de eletrificação para, futuramente, colmatar eventuais necessidades de negócio nesta zona. No entanto, agora, o transporte é feito somente por camião devido aos custos aplicados na ferrovia. “Estamos à espera que possa haver uma evolução e um desenvolvimento económico desta zona que torne compensatório trazer novamente o comboio”, reflete Rui Marques, Lisbon sales manager. Para os exportadores espanhóis, os portos de Lisboa, Setúbal e Sines apresentam-se como soluções viáveis, pois alguns dos serviços existentes a partir de Espanha ou são com transbordo, ou têm transit times mais longos, e a partir de Portugal é possível oferecer serviços diretos e com transit times mais curtos.

De forma a criar condições aos mercados de Portugal e Espanha, visando operações logísticas mais funcionais e económicas, o comboio trazia os contentores vazios ou cheios para importadores locais. Esta operação, que antigamente era feita por dois ou três comboios por semana, atualmente é efetuada por camião. “A Transitex é um operador logístico, e presta serviço a outros. Há transitários que vêm a esta plataforma para utilizarem estes contentores, que chegam, muitas vezes, para clientes nossos, mas nós informamos esses transitários de que os contentores estão disponíveis para serem reutilizados”, explica Rui Marques. 

A plataforma conta ainda com básculas certificadas para os camiões efetuarem as pesagens e controlo e, assim, poderem circular e providenciar aos armadores e à alfândega dados corretos. “Temos camiões que vêm da Turquia e de Marrocos e ao virem descarregar aqui na zona Centro e Sul de Portugal, o primeiro entreposto aduaneiro que encontram é este”, indica Rui Marques.

Filipa Rodrigues evidencia a vantagem de se encontrarem numa zona fronteiriça. “Temos Sines a 200 quilómetros e Madrid a 400 quilómetros, portanto, estamos num ponto estratégico tanto para a mercadoria que entra por Espanha com destino a Portugal, como para a que chega aos portos portugueses”. Por se localizar numa zona do interior do país, é possível ter “uma maior rapidez e fluidez” comparando com os grandes centros urbanos. “Noutros pontos do país, se houver mercadoria para despachar, por vezes, pode ficar lá durante dois ou três dias, e nós aqui, num dia, conseguimos fazê-lo. Não há paralisações de veículo ao cliente, e a mercadoria flui”, explica.

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