Alguns dos leitores podem já ter percebido o rebuscado trocadilho com a famosa peça de Oscar Wilde “The importance of being Earnest”. O que este título pode ter a ver com o que abordo é, no entanto, um pouco menos direto: vou falar de Códigos de Barras (CBs).
Eu sei que é uma coisa de tal forma vulgar nas nossas vidas que, quase nem damos por eles. Que também muito se especula quanto ao seu desaparecimento. E, sobretudo, que já todos sabemos tudo sobre o assunto. Mas será mesmo assim?
Quem é que ainda não passou pela situação mais ou menos incómoda, seja no âmbito pessoal seja profissional, de um CB que não se consegue ler? Porque é que isto ainda acontece?
O facto é que existem muitos tipos de CBs. Normalmente, cada um com um determinado campo de aplicação preferencial, mas todos com o objetivo de serem meios de facilitar o registo, o transporte e a captura de informação de forma automatizada.
Estamos, portanto, no âmbito da melhoria dos processos, pela via da rapidez e da redução de erros de processamento humano o que, por sua vez, se traduz na redução de custos.
Um CB é um instrumento que resulta da conjugação de quatro fatores: o campo de aplicação, o conteúdo de informação, as condições de impressão e as condições de leitura.
Os três primeiros, estão na esfera de quem produz e determinam o CB resultante. O quarto fator, já externo a quem produziu o CB, usa esse resultado para desempenhar uma tarefa adicional: recolher e decifrar a informação para depois a aplicar num contexto especifico.
E é aqui que reside o problema. Os ambientes onde os CBs têm de trabalhar e ser lidos são muito variados. Todos eles com uma grande variedade de equipamentos.
Conseguir ler um CB num leitor ou smartphone, não quer dizer que esteja bem feito e que funcione sempre em todos os outros leitores de CBs que possam vir a ser utilizados ao longo da cadeia de abastecimento.
Sim, é preciso ser “SimSério” para dizer que um CB que tem leitura num determinado leitor, não dá qualquer garantia quanto à leitura noutro equipamento.
É por isso que, para quem faz e aplica CBs, é cada vez mais importante ter a certeza que eles estão bem feitos. Que cumprem um conjunto de determinadas propriedades, de forma a garantir que desempenham bem as funções para que foram previstos. E isto, independentemente dos equipamentos com que são lidos.
Esta certeza, só se consegue com uma verificação da qualidade de impressão do CB. Não com uma “simples leitura”.
Neste teatro de vida em que todos somos atores diários, volto à importância de ser “SimSério”. São muitas as confusões que podem ocorrer quando coisas importantes são confundidas e não se toma o devido cuidado para garantir que todos os diferentes cenários possam contar com o devido desempenho.
A minha expetativa é que na boa tradição das peças trágico-cómicas bem escritas, a história venha a terminar com todas as pontas soltas bem resolvidas e todos vivam felizes para sempre.
Silvério Oliveira Paixão, Consultor
Métodos e Processos em Gestão Industrial e Supply Chain
Especialista AIDC, GS1 e Setor Saúde