Está avaliado em dois mil milhões de euros o plano que o Governo tem em marcha com vista à modernização das principais linhas ferroviárias do país até 2022, iniciativa que privilegia as ligações a Espanha e dá destaque ao transporte de mercadorias e de passageiros.

Numa altura em que os diversos grupos parlamentares têm em cima da mesa o debate sobre a situação ferroviária nacional, o Governo revela que estão previstas intervenções em diversas vias ferroviárias, como é o caso das linhas do Minho, do Douro, da Beira Baixa, do Norte e a construção de um corredor entre Évora e Elvas. Prevê ainda intervenções no Oeste, em Cascais e a electrificação da Linha do Algarve.

Na Linha da Beira Baixa, o troço entre Covilhã e Guarda, encerrado há mais de 10 anos, já entrou em fase de obra, estando prevista a reabertura da ligação entre as duas cidades beirãs a partir de 2019. Na Guarda, a linha da Beira Baixa fará ligação com os comboios internacionais, via Vilar Formoso. A modernização e electrificação de 46 km de via entre as linhas da Beira Baixa e a Beira alta representam um investimento previsto de 52 milhões de euros.

A empreitada integra a construção da chamada “concordância das Beiras”, com a construção de 1,5 km de via única, incluindo uma nova ponte sobre o rio Diz, com 237,8 metros.
Na Linha do Douro está em obra a electrificação e modernização do troço Caíde-Marco – numa distância de 14,4 km – e em elaboração está o projecto técnico de electrificação e modernização do troço Marco-Régua (43,6 km). De acordo com o Governo, estes dois projectos permitirão que o serviço suburbano do Porto se possa estender até Marco de Canaveses e que o serviço Intercidades chegue à Régua.

A intervenção até ao Marco deve estar concluída no início de 2019, mas as da Régua só em 2022. O custo elegível total para as intervenções previstas na Linha do Douro é de 71,3 milhões de euros. Na Linha do Minho está em fase de conclusão a obra de electrificação Nine – Viana e a começar a obra de electrificação entre Viana e Valença.

A modernização da Linha do Minho implica um investimento total de 86 milhões de euros.

A nova ligação ferroviária a construir entre Évora e Elvas pretende reforçar a conexão ferroviária dos portos e das zonas industriais e urbanas localizadas no Sul de Portugal quer a Espanha, quer ao resto da Europa.

Este troço, chamado ‘missing link’, faz parte do corredor internacional sul, que ligará o porto de Sines até à fronteira com Espanha, e o concurso público foi apresentado no final de Março deste ano pelo primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e o seu então congénere de Espanha, Mariano Rajoy.

Para a obra de construção da nova linha entre Évora e Elvas, que deverá iniciar-se até março de 2019, foram lançados os concursos, estando as propostas em fase de apreciação. A conclusão está programada para o primeiro trimestre de 2022, num custo de 509 milhões de euros (quase metade provenientes de fundos europeus), segundo o Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas.
Em 30 de Abril foi também lançado o concurso da empreitada para a construção do subtroço da Linha de Évora, entre Alandroal e a Linha do Leste, com um valor base de 195 milhões de euros, que prevê a construção de nova plataforma ferroviária numa extensão de 38,5 quilómetros.
Esta obra complementa as empreitadas também já lançadas para a construção dos subtroços da Linha de Évora, de Évora Norte a Freixo e de Freixo ao Alandroal.

Na Linha do Norte, está a decorrer o concurso para a renovação integral de via entre Espinho e Gaia, no valor de 49 milhões de euros, e foi concluída a renovação integral de via entre Alfarelos e Pampilhosa, num investimento de 30 milhões. Nesta Linha estão também previstas intervenções entre Ovar e Espinho, entre Entroncamento e Santarém e entre Alverca e o terminal da Bobadela (na região de Lisboa).