É hoje claro que a distribuição para a venda online está a provocar alterações substanciais no desenho das cadeias de abastecimento. Na “última milha”, a tradicional entrega de mercadorias em formatos volumosos e homogéneos, é substituída por encomendas de menor dimensão e entregas frequentes ao domicílio do cliente final ou em pontos de recolha.
O desenho da cadeia logística para este formato, exigirá novos recursos, como uma rede física que suporte múltiplas necessidades, visibilidade em tempo real de todo o inventário e preparação e envio de pequenas encomendas individuais. O retalhista enfrenta também novos desafios em que se destacam o pequeno número de unidades por pedido, entregas de 24h, volume importante de devoluções e risco de dano na marca por incumprimento da “promessa”.
O negócio online terá alguns fatores impulsionadores e de diferenciação:
– Sortido próximo da procura: ao aumentar a proposta de valor, o retalhista irá oferecer um sortido mais alargado, mas com a redução do tempo de entrega, o mesmo terá que estar mais próximo do cliente;
– Tipos de bens: conveniência, comidas preparadas, perecíveis, mas também bens ocasionais;
– Importância crescente da entrega em 24h: o cliente espera entregas cada vez mais rápidas e irá verificar-se o aumento da venda online de bens de consumo imediato;
– Política de devoluções.
Das várias configurações da cadeia logística para suporte ao canal online, pode-se enquadrar um armazém central que envie as mercadorias para um centro regional e a partir deste, as encomendas já preparadas sejam entregues ao cliente (direct delivery) ou encaminhadas para uma loja física como ponto de recolha (pick-up point) ou mesmo o último ponto de preparação e envio ao domicílio. À medida que o negócio online cresce, deverá ser analisada a implementação de armazéns dedicados (projetados para a preparação de encomendas de poucas unidades e muitos clientes) e que estejam localizados em pontos próximos da elevada procura.
Com um largo número de lojas físicas, os retalhistas multicanal desenvolvem estratégias que combinem a experiência da compra online e necessidade de despender menos tempo no ato de compra, mas em simultâneo o cliente entra na loja física, que serve de ponto de recolha mas continua a ser parte integrante da compra.
Manuel José Gomes
Consultoria Logística e distribuição
Aproveito também para felicitar o colega Manuel José Gomes pela forma clara e sintética como expôs tão complexa matéria.
A adopção de plataformas online para produtos não perecíveis (livros, CDs, cerveja, shappoos, etc) é inquestionável e irreversível. Mas para bens perecíveis (fruta, legumes frescos, peixe e carne frescos, flores, etc) ou produtos íntimos (roupas, perfumes, calçado) a questão é muito diferente e depara-se com a necessidade de o utilizador ter uma experiência em primeira mão. Como o autor encara estes desafios e as soluções para os mesmos seria um bom tópico para um próximo artigo.
Boa tarde,
Aproveito para parabenizar o senhor Manuel José Gomes pela forma clara como expôs tão complexa matéria.
Uma realidade é que em todas as vendas de produtos online é necessário a entrega do produto, todos tem possibilidade de exigir com a mesma legitimidade, rapidez e serviço independentemente da localização da sua residência ou local de entrega.
A principal questão é que as zonas de menor densidade populacional e de volume de negócio vai ser necessário um trabalho brutal de construção de equipas/parcerias/associações para responder com qualidade de serviço e com rentabilidade sustentável… Mas os portugueses estão já preparados ou a preparar-se para esta nova abordagem do mercado?
Cumprimentos,