A tecnologia tem lugar na cadeia de aprovisionamento ou está apenas de passagem? A Gartner e a Deloitte tentaram perceber junto dos empresários, se a blockchain tem futuro neste sector. As conclusões foram distintas.
Segundo um inquérito da Gartner, analisado pelo Sourcing Journal, apenas 19% dos empresários reconhecem a blockchain como ‘importante’ e somente 9% admitem ter investido nesta tecnologia.
As revelações da Gartner indicam que as iniciativas relacionadas com a blockchain irão atingir o estado de “esgotamento” até 2023 devido, em grande parte, à falta de utilização suficientemente convincente por parte da cadeia de abastecimento.
Os casos de utilização desta tecnologia que se foquem no produto e na sua autenticidade, rastreabilidade e fiabilidade, ainda não passaram do estado piloto, como afirma Alex Pradhan, analista sénior da Gartner. Explica ainda que um dos principais obstáculos é a “falta de compreensão de como a blockchain pode ou deve ajudar a cadeia de aprovisionamento”.
De acordo com o analista sénior, as soluções disponibilizadas actualmente são complexas, acabando por criar alguma confusão, e tornando-se mais difícil para empresas identificarem as principais e mais apropriadas utilizações para a cadeia de aprovisionamento.
Por sua vez, a Deloitte tem uma visão mais optimista. O Global Blockchain Survey de 2019 da empresa de consultoria refere que “mesmo os líderes reticentes em relação a soluções tecnológicas já perceberam o poder transformador da tecnologia”.
Ao invés dos resultados do inquérito da Gartner, que mostram uma falta de interesse dos empresários em relação a esta tecnologia, 53% dos inquiridos pela Deloitte consideram a blockchain como uma prioridade para as suas empresas.
De acordo com este estudo, os investidores estimam aplicar perto de cinco milhões de dólares na tecnologia, registando um crescimento de 1% face a 2018.
83% dos inquiridos afirmam que a administração da sua empresa considera a blockchain como uma inovação atractiva, e 86% defendem que esta tecnologia tem uma grande capacidade de ampliação e que será adoptada de forma global. Já 56% encaram-na como disruptiva para a área da indústria.
No entanto, também se registou algum cepticismo em relação ao futuro desta tecnologia, uma vez que 43% dos inquiridos acreditam que é sobrevalorizada.
Estes diferentes pontos de vista são encarados como positivos pela Deloitte “a blockchain deverá prosseguir um caminho tradicional de maturação e de auto-descoberta. Estes sinais de preocupações podem reflectir a saúde da tecnologia, à medida que esta vai evoluindo para se tornar uma solução mais fundamentada”.
De acordo com o relatório, o que há de novo na blockchain é o “seu potencial disruptivo”, que está a alterar a forma como as empresas produzem a “democratização da confiança”.
A Deloitte defende que as organizações mais inovadoras irão encontrar formas criativas e importantes de aplicarem esta tecnologia no seu negócio “acreditamos que os líderes das empresas não devem colocar apenas uma questão sobre a blockchain, mas, ao invés disso, devem colocar um vasto conjunto de questões que reflictam o papel que a blockchain pode ter nas suas organizações”, conclui Linda Pawczuk, Directora da Deloitte Consulting LLP e líder de consultoria para a blockchain e criptografia na Deloitte.