O projecto Biotecfor nasceu para responder à necessidade de criar e desenvolver novos equipamentos florestais inteligentes, adaptados às realidades portuguesa e espanhola. É um projecto Interreg-POCTEP, liderado pela FORESTIS e com parcerias como a Associação Florestal da Galiza, CTAG e, no caso português, INESCTEC.
O Biotecfor tem como objectivo desenvolver e inovar nos processos de recolha e processamento dos recursos florestais, e segundo revela Filipe Neves Santos, investigador do INESCTEC e responsável pelo projecto.
Já existe um protótipo de um robô com capacidade para automatizar a maioria das tarefas manuais florestais com elevada precisão e eficiência e reduz o esforço humano e aumenta a capacidade de intervenção/gestão na floresta.
Também um software experimental para planeamento logístico foi desenvolvido aquando do robô, que permitirá tornar mais eficiente a coordenação dos processos/máquinas florestais.
Relativamente aos materiais bio-compósitos para incorporação em componentes dos carros, têm capacidade para valorar 10 vezes o valor actual das sobrantes florestais e de dar novas aplicações a material tipicamente queimado nas florestas.
“São essencialmente protótipos de robôs, ferramentas, bio-compósitos e de software que poderão ser explorados por empresas portuguesas e espanholas nos próximos anos. Este projecto publicará em breve um roteiro de desenvolvimento tecnológico que poderá ser utilizado pelas empresas fabricantes de alfaias e máquinas como guião para inovar os seus produtos”, explica o responsável.
As suas aplicações também passam, como forma de complemento, pelo desenvolvimento de software de planeamento logístico, com diferentes escalas que “vão desde o proprietário florestal até ao consumidor da biomassa e da promoção e desenvolvimento de novos materiais de base florestal”, como forma de criar valor acrescentado ao produto através da sua aplicação em novos contextos e funções, substanciados em mais dois projectos do INESCTEC: GOTECFOR, para a mobilização e aproveitamento de Biomassa Florestal na agro-indústria e EASYFLOW, de operações logísticas eficientes e colaborativas para maior sustentabilidade das cadeias de abastecimento florestais.
Filipe Neves Santos explica que a robotização é mais desafiante neste caso, quando comparada a situações de indústria, transportes e agricultura, devido essencialmente aos terrenos íngremes e acidentados, à ampla vegetação. “O desenvolvimento de soluções robóticas e alfaias para contexto florestal é sempre desafiante. Mas garantir a segurança de uma máquina que pesa uma tonelada é, sem dúvida, a maior dificuldade na qual continuamos a trabalhar”, defende.
Comparando a situação florestal com a agrícola, o investigador explica que não podem ser utilizados sistemas GPS para automatizar tractores e alfaias porque “a floresta exige soluções de localização e segurança muito avançadas que ainda se encontram num estado de maturidade moderadamente baixo. Pelo que não conseguimos ainda falar de grandes exemplos de robotização e da automação na floresta, e aqui Portugal poderá destacar-se no futuro”.