A empresa de logística alimentar Silos de Leixões está a desenvolver novas formas para combater o desperdício, e de valorizar os seus sub-produtos decorrentes do processamento e armazenamento de cereais. Para atingir esse objectivo, a empresa uniu esforços com o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), através do projecto Co-CerealValue.
Esta parceria, segundo explica o instituto, nasceu da necessidade de obter uma maior valorização económica dos excedentes alimentares, neste caso de cereais e graneis, de forma a reduzir os impactos para o ambiente, resultantes de longos períodos de armazenamento ou deterioração dos produtos.
De acordo com o INEGI, estes irão participar em duas das principais linhas de actuação do projecto.
A primeira é o desenvolvimento de uma framework de avaliação de simbiose industrial, desenvolvida pelo INEGI. António Baptista, responsável pelo projecto, explica que “é uma metodologia que avalia e mapeia a intensidade e possibilidade de processos/operações de simbiose industrial, ou por outras palavras, do ecossistema de empresas que estabelecem relações para partilha ou troca de recursos e subprodutos”.
Explica que esta fase “permite mapear desperdícios, calcular custos e quantificar a eco-eficiência da operação, avaliando-se a eficiência de recursos e o impacto ambiental associado a cada rota potencial de simbiose. O novo framework, que teve por base uma metodologia inovadora co-desenvolvida pelo INEGI e a Universidade de Cambridge (Institute for Manufacturing – IfM, que pertence ao Advisory Board do projecto Co-CerealValue), já foi concluído, com as devidas adaptações à realidade das operações da Silos de Leixões e da GERMEN, e estamos neste momento em fase de testes e validação”.
Por sua vez, a segunda linha foca-se no desenvolvimento de um sistema de sensorização, associado à Internet das Coisas (IoT) e Indústria 4.0. De forma a tornar possível a monitorização de variáveis-chave ao longo do percurso percorrido pelo cereal ao longo da supply chain, e deste modo reduzir o desperdício, o INEGI irá contribuir com as suas competências na área de produtos complexos, “em particular, sistemas mecatrónicos inseridos na tipologia de smart-objects”, revela o instituto.
“O valor alimentar e económico dos resíduos do trigo, como a sêmea, gérmen e pó de cereal, por exemplo, são desaproveitados, o que tem reflexo em custos logísticos significativos. Mas seguindo a lógica da economia circular e desperdício zero, dar-lhes novos usos – quer seja ao produzir novos produtos alimentares, ou ao tornar o desperdício de uma empresa na matéria-prima de outra – resulta numa operação mais economicamente rentável e mais sustentável do ponto de vista ambiental”, explica António Baptista.
Este projecto também conta com a colaboração da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa e visa também o desenvolvimento de novos produtos de alimentação, tanto humana como animal, nomeadamente em termos de granulados e pellets, sendo co-financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), ao abrigo do programa COMPETE 2020.