A Glovo está a expandir os seus serviços, agora através do ‘q-commerce’, o campo de batalha competitivo das entregas rápidas. A empresa está a preparar-se para entregar uma gama muito mais ampla de produtos, num período de 30 minutos, através de um jogo de logística B2B, com base numa rede de dark stores no centro da cidade, que planeia expandir nos próximos 12 meses.
Já está a operar com marcas de retalho como a Univeler, Nestlé e L’Oréal e supermercados como Walmart, Carrefour, Kaufland e Biedronka, para armazenar e vender os seus produtos das chamadas dark stores, oferecendo aos consumidores uma entrega rápida de produtos seleccionados e outros itens da marca “Glovo Market”, actualmente com entrega gratuita de 24 horas e sem gasto mínimo. Assim, a empresa irá armazenar os produtos de terceiros nas dark stores e oferecerá o seu serviço de comunicação para atingir estes tempos ultra-rápidos, ou seja, os revendedores Glovo não precisarão de ir a uma loja fazer a compra a entregá-la.
A q-commerce irá arrancar em Espanha, através de um investimento de 20 milhões de euros, e mais de 100 profissionais terão a oportunidade de expandir o seu serviço de logística instantânea além de alimentos, tais como: produtos de supermercado e de outros estabelecimentos da cidade (incluindo presentes), brinquedos, flores, livros ou produtos de farmácia. Esta nova fase de evolução da Glovo incluirá ainda alianças com empresas como El Corte Inglés, Douglas e Clarel para abastecer a procura por produtos de beleza, moda e electrónicos. Existem algumas falhas nesta lista, como as lojas de roupa e de calçado, que são as mais propensas a ter já a sua própria infraestrutura de compras online. Além disso, a compra de roupa também é mais complexa, dada a probabilidade para devoluções quando os produtos não servem. Mas parece que a Glovo vai atrás de quase tudo o resto.
Daniel Alonso, director global do q-commerce da Glovo, refere que a empresa tem, actualmente, 22 dark stores instaladas a funcionar, “os produtos mais populares são frutas e vegetais, bebidas, flores, produtos de beleza, alimentos para animais de estimação, bem como quaisquer marcas de empresas como Unilever, Nestlé e P&G”. Afirma ainda que no supermercado da Glovo, actualmente, gerem cerca de 2000 itens exclusivos, mas isso também depende da dark store, em que algumas têm mais ou menos produtos dependendo da cobertura populacional e localização geográfica.
O objectivo é crescer em todas a áreas, expandindo o alcance da oferta do Glovo Market para mais cidades e lançando uma oferta B2B para abastecer outras lojas online, planeando ter mais de 100 dark stores instaladas e a funcionar até ao final de 2021, sendo que investiu na que está sediada em Barcelona, bem como em Madrid, Milão e Lisboa.
O serviço Glovo Market tem mais de 50.000 usuários activos actualmente, promovendo a entrega de cerca de dois pedidos a cada minuto. A empresa refere ainda que entregou mais de 12 milhões de pedidos ‘multi-categorias’ a nível global até ao momento, enquanto em Espanha o número de pedidos de produtos de mercearia dobrou este ano para mais de um milhão.
As entregas de refeições representavam três quartos da sua receita no início do ano, mas a empresa tem agora ambições de vencer a Amazon no que diz respeito à entrega de todos os tipos de produtos, de forma bastante rápida. Até já tem investidores a bordo deste plano.
Daniel Alonso afirma que o q-commerce é uma solução para os retalhistas continuarem a operar com entregas enquanto as restrições da COVID-19 mantêm as vitrines fechadas ou as pessoas em casa. “Com as lojas a fechar em todo o mundo, os consumidores agora querem, e esperam, que mais produtos sejam entregues às suas portas”, diz o responsável, acrescentando que “esta tendência trouxe novas demandas, já não é preciso esperar 24 a 48 horas por uma entrega. Pelo contrário, a expectativa é uma questão de minutos”.
De acordo com a Glovo, tem-se assistido a uma taxa de crescimento de 300% de ano para ano, impulsionada, em grande parte, pelo aumento da procura por serviços de entrega. No início do ano, o presidente executivo da empresa, Oscar Pierre, disse que embora a pandemia tenha acelerado algumas tendências, haverá alguma consolidação no mercado.
A Glovo transferiu os seus negócios latino-americanos em Setembro para a Delivery Hero por 230 milhões, a fim de fortalecer a sua presença em mercados na Europa e em África. A Delivery Hero também opera serviços de q-commerce em vários mercados.