O ano de 2020 impulsionou a transformação digital do setor da logística e supply chain, como resultado do desenvolvimento do comércio eletrónico, para responder às novas expetativas dos clientes e à reconfiguração e transformação do perfil do consumidor.
A Covid-19 veio acelerar a transformação tecnológica em todos os setores, e a logística não foi exceção. O consumidor final foi beneficiado, mas certamente os negócios também, pois muitos projetos de inovação que estavam na gaveta foram antecipados. Esta nova realidade requer rápida adaptação por parte dos gestores de logística, uma vez que estão a surgir novos padrões de comportamento dos clientes que exigem que os seus produtos ou serviços sejam mais rápidos e com valores mais competitivos, sobretudo em relação à entrega.
Embora o ano passado trouxesse desafios imprevistos, também se apresentaram oportunidades para a logística. Perante os desafios, as empresas tiveram necessidade de reorganizar os seus centros de logística e avançar para a digitalização de uma forma muito rápida, para assegurar a sua resiliência. As tecnologias emergentes como blockchain, IA, IoT entre outras, têm sido decisivas para essa modernização, pois permitem gerar mais informação e uma análise mais completa dos fatores que influenciam os resultados logísticos.
O centro de logística passa, desta forma, a ser alimentado por recentes ecossistemas digitais, possibilitando a localização e codificação dos produtos, o mapeamento automatizado de rotas de entrega de encomendas, aceleração dos prazos de entrega, distribuição e exportação para qualquer parte do mundo, de uma forma mais simples e eficaz, contribuindo para que as empresas, independentemente do local onde operam, sejam mais competitivas no mundo global. Acredito que a logística funciona como o pulmão de uma empresa que tem o seu negócio assente no comércio e distribuição. Desta forma, as operações logísticas robustas e articuladas, sustentam a assertividade das vendas e o crescimento sustentado do negócio.
Muitas empresas nasceram em Portugal numa época e num meio rural em que não se falava de otimização de processos ou melhoria contínua, falava-se apenas de trabalho. E com trabalho se edificou, passo a passo, muitas das PME que constituem o nosso tecido empresarial. Hoje, em termos de tecnologias, temos os equipamentos mais inovadores à disposição que nos auxiliam na prossecução e crescimento sustentado do negócio. E é fundamental que as empresas tenham essa visão de inovação que as posicione no caminho para a competitividade.
A logística tornou-se uma capacidade vital para as empresas que procuram acompanhar a crescente participação no mercado dominado pelos gigantes digitais e pode ser o seu diferencial competitivo. Este é um aspeto fundamental para que as organizações se atualizem rapidamente em termos tecnológicos e tenham mais controlo da sua cadeia de abastecimento, acompanhando as tendências de convergência de muitos negócios físicos e digitais e respondendo às expectativas dos consumidores, de forma mais ágil. Sem dúvida que o cliente atual é um cliente muito mais exigente, que acompanhou o crescimento do mercado e da concorrência e que, para além da qualidade do produto, valoriza extensivamente a qualidade e diversidade do serviço: resposta rápida dos serviços, como entregas; boa capacidade de resolução de problemas, como um Serviço de Pós-Venda eficaz; e personalização no atendimento, são dos aspetos mais valorizados e que contribuem para a fidelização.
Para além da tecnologia, também a sustentabilidade é uma questão essencial para a logística. O aumento das emissões de carbono, poluição sonora e resíduos gerados pela logística global colocam em foco as responsabilidades ambientais deste setor, exigindo materiais reutilizáveis nas cadeias de abastecimento e soluções inovadoras que poderão contribuir para um ambiente mais verde. A aposta nos sistemas circulares da cadeia de abastecimento, programas locais de sustentabilidade, novos recursos, sistemas de reciclagem inovadores e compromissos globais para a adoção de veículos ecologicamente corretos, são exemplos que poderão contribuir de forma positiva para se avançar para uma cadeia de abastecimento sustentável nos próximos anos.
E, se é certo que a digitalização e as normas sustentáveis são o caminho para o futuro da logística, independentemente do desenvolvimento tecnológico atual e da sustentabilidade, há um elemento que sempre será vital para uma cadeia de abastecimento de sucesso: as pessoas. No coração das operações logísticas, é crucial encontrar e reter as pessoas certas que são fundamentais para o sucesso organizacional. A interação humana e as parcerias subsequentes são essenciais nas redes de supply chain. São as pessoas que mantêm unida a rede da cadeia de abastecimento, e sem elas não haveria nenhuma base sobre a qual um sistema possa ser construído.
Todos estes fatores vão ser decisivos para as empresas que pretendem não apenas sobreviver, mas crescer num cenário pós-digital.
Luciano Peixoto | Administrador | Casa Peixoto