“A única constante é a mudança”, expressão preconizada pelo filósofo Heraclito de Éfeso (540 a.C. – 470 a.C.), é tão válida hoje como no seu tempo. De facto, se pensarmos nas mudanças vertiginosas que se tem vindo a assistir no mundo, nas sociedades, e nos modelos de negócio em particular, rapidamente conseguimos perceber que esta é uma condição muito atual, com a particularidade dessas mudanças acontecerem a uma velocidade cada vez mais vertiginosa.
Todo este contexto, de que nada é permanente exceto a mudança, a par da procura incessante por uma maior prosperidade das sociedades, levou-nos a comportamentos erráticos. E, tem-nos levado a uma procura muito significativa dos recursos do planeta, em particular sobre a energia, a água e os alimentos, e, por conseguinte, a uma crescente pressão sobre o bem mais essencial e vital para a nossa presença: o planeta!
Comecei a escrever este texto, imediatamente após assistir ao webinar “O papel das Compras na Sustentabilidade”, recentemente promovido pela APCADEC, e há, de facto, aqui uma relação muito estreita entre as duas.
Primeiro, porque numa cadeia de valor, a sustentabilidade começa indubitavelmente a montante – na interação com os fornecedores e na ligação de muitos destes com a natureza, donde provêm as matérias-primas das principais indústrias transformadoras.
Por outro lado, porque acredito de forma convicta que, neste período tão crucial para a humanidade, é fundamental assegurar o respeito pelo planeta, apostando definitivamente num modelo sustentável ao longo das cadeias de valor.
O mesmo contexto permanente de mudança tem-se vindo também a sentir na própria função de Sourcing & Compras. Esta tem vindo a suportar, felizmente, mudanças significativas no seu modelo e foco de atuação, cada vez mais estratégico, de maior relação no desenvolvimento de parcerias e na criação de valor por via de maior competitividade.
Há muito tempo que os profissionais das compras perceberam que o preço de compra é distinto do custo e com impacto ao nível da competitividade para a sua organização. Modelos internacionais como a TCO – Total Cost of Ownership, ajudaram a compreender e a reduzir os gaps dessa perceção, bem como na tomada de melhores decisões.
Este último ano foi repleto de mudanças profundas para todos nós. Entramos nesta década, conscientes de que os nossos comportamentos têm sido devastadores para com o planeta e de que é vital assegurar um maior respeito e equilíbrio pelo mesmo.
Precisamos urgentemente que todos os atores se juntem nesse compromisso e, aproveitando aqui este espaço mais dedicado aos profissionais de Compras, que estes combinem este desígnio com ações concretas e imediatas na sua atuação.
Os modelos de negócio serão construídos cada vez mais com base na confiança, na transparência e na total rastreabilidade das cadeias de valor. É, neste contexto, que a relação cliente-fornecedor tem de ser muito estreita e de longo prazo, e é aqui que as compras e os profissionais desta área poderão desempenhar um papel ainda mais importante na criação de valor imediato, mas igualmente sustentável no longo prazo.
Pedro Azevedo Henriques, Sourcing & Procurement, Marketing Corporativo, Comunicação & Sustentabilidade
Texto originalmente publicado na Newsletter APCADEC | 17-05-2021