De acordo com o Banco Mundial, 35% de todas as pequenas e médias empresas, a nível mundial, são detidas por mulheres. No entanto, apenas 1% do valor total gasto por grandes empresas na aquisição de produtos e serviços é direcionado para negócios detidos por mulheres. A que se deve tão grande discrepância?
O principal fator é a dificuldade das mulheres acederem a capital, que lhes permita criar e expandir os seus negócios de uma forma mais robusta. Outros fatores devem-se à falta de transparência desses processos de contratação, à dificuldade em perceber por onde começar e quem contactar e à falta de confiança sentida por muitas mulheres que as impede de arriscar mais.
As grandes empresas têm aqui um papel essencial para contraírem esta decisão e com isso construir uma cadeia de valor mais diversa e inclusiva. Empresas e organizações como a Coupa, Marriott, Accenture, Johnson & Johnson e Banco Mundial são bons exemplos do que pode ser feito. E desengane-se quem acha que isto não é bom para o negócio. Segundo um estudo da consultora McKinsey & Company existem claras vantagens económicas e reputacionais em ativamente desenvolver políticas de aquisição de produtos e serviços mais inclusivas.
Para isso, é, desde logo, crucial eliminar a falta de informação. As grandes empresas, podem, por exemplo, participar em conferências de fornecedores, publicar as suas políticas e procedimentos de compras e estabelecer páginas dedicadas aos fornecedores em seus websites. Transparência e processos claros e bem definidos são uma importante ajuda.
E sem nunca baixar os seus padrões de qualidade e exigência, as grandes empresas podem encontrar formas de incluir pequenos negócios nos seus processos de procurement e podem inclusivamente, aceder a bases de dados de negócios detidos por mulheres, expandindo assim a sua rede de potenciais fornecedores.
Numa altura, em que instituições públicas e o sector empresarial se alinham para cumprirem as metas definidas em 2015 pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, esta é mais uma forma de ativamente contribuírem e fazerem a diferença.
Inês Santos Silva, fundadora da Portuguese Women in Tech