O preço do café está a subir, derivado de problemas relacionados com a pandemia, nomeadamente de distribuição, e com as alterações climáticas, como as secas. Estes valores poderão chegar aos máximos atingidos em 2011, avança a Lusa, citada pela CNN Portugal.

Nuno Mello, analista da XTB, em resposta à Lusa, afirma que “o preço do café, semelhante a outros produtos, subiu nos últimos meses. Numa base anual, os preços do café nas bolsas de valores subiram quase 100%. Isto é o resultado de preocupações de abastecimento e de grandes problemas de transporte em todo o mundo. As alterações climáticas em curso também estão a contribuir para a ocorrência de um número crescente de anomalias climáticas”. Em causa estão as secas persistentes ou “amplitudes térmicas elevadas” que têm vindo a destruir culturas, como acontece no Brasil, que tem sofrido geadas e secas, levando ao desaparecimento de muito cafeeiros.

Desta forma, estima-se que o café possa “testar os máximos históricos” de Abril de 2011, em 2022, pois a recuperação das colheitas pode levar um mínimo de dois anos, fazendo aumentar os preços.

Os problemas com o transporte persistem, agravando os prazos de entrega para até mais de 100 dias. “O transporte do café brasileiro para o resto do mundo foi afetado, uma vez que os mesmos portos são utilizados para o carregamento de grãos de soja, açúcar ou café”, aponta ainda o analista.

Ainda assim, os consumidores portugueses não devem sentir o aumento do preço do café, nem mesmo perante a subida dos custos dos fatores de produção ou a seca. Nuno Mello indica que o preço de uma chávena de café só representa entre 1% a 2% do valor total, pelo que, o incremento anual dos preços da matéria-prima “não deverá traduzir-se em fortes aumentos nos produtos finais”.

Por sua vez, Ricardo Evangelista, diretor executivo da ActivTrades Europe, explica que, apesar da estabilização registada em 2021, “os preços do café estão de novo em alta”, sendo que, atualmente, “a tendência aponta para a manutenção dos preços altos”, justificando-se pela redução da oferta, aumento nos custos de transporte e problemas na cadeia logística.

“Os custos mais elevados dos fertilizantes e dos combustíveis e a escassez de mão de obra têm impulsionado os preços do café, mas é esperado que as dificuldades nas cadeias de abastecimento sejam normalizadas à medida que a pandemia passe a endemia”, aponta Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa. Considera ainda que a subida do preço do café irá depender das condições climáticas e do “regresso à normalidade” nas cadeias de abastecimento e transportes.