Mutações tecnológicas, crises de diversa ordem, alterações de mercado…. São vários os desafios que as empresas e as cadeias de abastecimento enfrentam aos dias de hoje.
Perante um contexto altamente dinâmico, coloca-se desde logo a seguinte questão: Na definição da estratégia de negócio/departamento devemos adotar uma postura pró-ativa ou reativa? A resposta a meu ver é: ambas.
Garantir apenas uma das condições não é suficiente. Antecipar e planear a Estratégia nas Operações com base na informação disponível é fundamental para garantir os alicerces de competitividade e, neste particular, destaco a cada vez maior necessidade de redução de risco na cadeia, com a criação de planos alternativos e de contingência. Mas, reagir com agilidade num contexto cada vez mais incerto, tornou-se, nos dias de hoje, um imperativo de sucesso empresarial. É uma realidade que veio para ficar, para a qual as cadeias de abastecimento terão de estar preparadas e que irá exigir novos processos ou revisão dos mesmos, bem como novas competências.
Como garantir, então, que a sua organização (empresa, departamento ou equipa) está preparada para fazer face aos desafios atuais e futuros? Antes de partir para a análise exterior (oportunidades/ameaças) sugiro uma análise interna prévia (seguindo – as novas tendências da Resource Based View (RBV), amplamente difundida na América do Norte e em crescente expansão nos países do norte da Europa).
Quais os recursos/capacidades físicos, organizacionais e humanos ao dispor da organização? Os recursos que estiverem disponíveis são o suporte das estratégias internas e externas a implementar. Daí a sua importância. Comece por inventariar os seus recursos físicos (ex., fábricas e centros de distribuição e respetivas localizações e acesso às matérias-primas; frotas; softwares e hardware), organizacionais (ex., nível de relação com cliente e fornecedores; de colaboração e relações formais/informais entre os departamentos internos à organização) e humanos (ex., relação entre indivíduos e competências técnicas/comportamentais).
Em seguida, classifique cada um dos seus recursos/capacidades, de forma a apurar o seu valor competitivo respondendo às seguintes questões: É valioso? Apresenta características raras? É difícil de imitar? A empresa está organizada de forma a poder aproveitá-lo? Certamente não irá querer manter recursos que não são valiosos na sua organização, pois degeneram em desvantagens competitivas. Nesse sentido, quererá antes manter um recurso/capacidade que seja valioso, difícil de imitar, raro e devidamente aproveitado pela empresa, pois constitui uma vantagem competitiva de longo prazo.
Comece a construir a sua estratégia de dentro para fora e aumentará a probabilidade de conseguir implementá-la com sucesso na sua organização.
João Mateus, Supply Chain Executive