2022. O mundo mudou. Na verdade, não existe nada de novo nesta afirmação: o mundo está em constante transformação. Os últimos dois anos têm sido o exemplo perfeito de que por muito que nos julguemos em controlo da nossa vida, dos nossos negócios, dos nossos sonhos e objetivos, num ápice as regras são mudadas e o controlo de outrora é agora uma enorme incerteza.
Desde a pandemia do Covid-19 que vivemos recentemente, que uma das afirmações que mais oiço dos meus clientes é: “De nada adianta traçar objetivos, se não posso controlar todos estes fatores externos, e eles nos impedem de alcançar aquilo que pretendo”. Os fatores externos podem ser de facto um obstáculo a ultrapassar, podem ser muito frustrantes por vezes, mas lamento dizer-vos: se dependem apenas de fatores externos para alcançar os vossos objetivos e ajudar as vossas equipas a alcançar os tão esperados resultados, vamos ter de repensar as regras do jogo.
“Um líder é alguém que conhece o caminho, corre ao longo do caminho e mostra o caminho.”
John C. Maxwell
Um dos maiores desafios da liderança é não só a definição de objetivos claros, mas a necessidade de que todas as pessoas envolvidas nos mesmos compreendam os motivos que estão por detrás do objetivo, a importância do mesmo, e ainda que todos caminhem exatamente na mesma direção (criar sinergias e não forças opostas). Sim, caros líderes, não basta estabelecer um objetivo e esperar que as pessoas vão trabalhar nele com afinco apenas porque “o líder decidiu que ia ser assim”. Quando a liderança é baseada nesta premissa, está condenada ao fracasso.
Todos nós temos os nossos valores, as nossas crenças, os nossos medos, e todos nós somos influenciados por todos esses processos internos diariamente, seja nas nossas vidas pessoais, seja no trabalho. É preciso entender o que nos move, e onde nos leva essa força. Ou seja, o papel do líder é também entender como as pessoas funcionam e qual a melhor forma de criar este alinhamento entre toda a equipa.
Enquanto líder, seja qual for a sua posição – seja um líder de uma pequena equipa, seja o administrador de uma grande empresa – é necessária a criação clara de objetivos. Sem novidades até aqui para a maioria de nós. O desafio está em compreender qual a melhor forma de o fazer. Quando se tomam decisões que terão impacto em toda a equipa, e que dependem do trabalho de cada um dos elementos que a compõe, é necessário que todas as pessoas compreendam para que foi estabelecido esse objetivo. “Mas não devia ser óbvio?” Não. Recordo que as pessoas se regem por diferentes valores pessoais e que são os nossos valores que nos fazem acordar de manhã prontos para dominar o mundo, e não os valores do nosso superior.
Na prática, vamos reunir a equipa e falar sobre o objetivo. Aprofundar o que está por detrás dele, o que leva o líder a querer alcançá-lo. Ele precisa ser claro e específico, precisa ser alcançável e mensurável, porém também precisa de ser relevante e baseado num tempo concreto para o alcançar. Um objetivo é uma frase escrita na positiva, com uma data para ser alcançado.
O segredo vem depois desta definição de objetivos, e é aqui que o Coaching pode ajudar os líderes a serem bem-sucedidos nesta implementação. É fundamental perceber de que forma levamos as pessoas a viver aquele objetivo como se fosse seu, de que forma vamos alavancar todas as pessoas que estão a trabalhar em prol desse mesmo objetivo e fazer dele algo positivo para todos. Desta forma, não só é possível alcançá-lo como superar as expectativas iniciais.
Quando todos os valores estiverem alinhados, um objetivo tem de levar obrigatoriamente a um plano de ação, com várias metas, que nos guiam até ao último dia definido. É importante relembrar que um objetivo sem um plano de ação, não passará de um sonho. Desengane-se quem pensa que um plano de ação é fácil de fazer, não é. Contudo, é absolutamente crucial para o sucesso.
Outro erro frequente é o de estabelecer metas demasiado longas no tempo, ou demasiado ambiciosas. As metas servem para nos guiar, pelo que se tivermos de ter vinte metas para alcançar um objetivo, definiremos vinte metas. Se apenas precisarmos de uma meta entre o dia de hoje e o dia em que chegamos ao objetivo, definiremos apenas uma. Posteriormente, definiremos tudo aquilo que precisamos para chegar a cada uma delas. Usaremos estas metas como um lembrete constante do caminho que estamos a percorrer e para quê o estamos a percorrer (caso contrário vamos esquecer-nos de qual o propósito e perder a energia e foco que lá colocamos no primeiro dia).
Quando dermos por nós, estamos a viver e a celebrar o dia em que fomos bem-sucedidos e atingimos o tão esperado objetivo. Estamos a viver aquilo que já visualizamos quando o objetivo foi definido (para quem nunca fez uma sessão de Coaching e que nunca se visualizou a viver o seu próprio sucesso, fica aqui uma boa razão para o fazer).
Sei que muitos líderes nunca sentiram necessidade de ter um coach porque não compreendem como alguém que nada conhece do seu negócio pode ajudá-lo a ter sucesso. Eu costumo dizer que ter um coach que nada conhece do seu negócio é precisamente uma das principais razões para ter um coach. Tudo o que foi aqui descrito, tem por detrás muito estudo sobre o comportamento e a mente humana, sobre como as pessoas funcionam e sobre como podemos utilizar esse conhecimento a nosso favor para atingir o sucesso, fazendo de si um líder de excelência.
Marina Rocha, Life & Executive Coach
