A procura por medicamentos de iodeto de potássio está a aumentar, e chegam mesmo a esgotar stocks. Este tipo de medicamentos é responsável por inibir a tiroide de absorver radiações e serve como medida de emergência em caso de contacto com elementos radioativos, não impedindo, no entanto, que este entre no organismo, nem reverte os danos de uma tiroide afetada.

A razão apontada para este aumento súbito é a de os portugueses se quererem proteger contra possíveis radiações que possam advir dos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, mas os profissionais de saúde apontam que os medicamentos disponíveis em Portugal não protegem das radiações de um ataque nuclear, e contam que para um adulto seriam necessários 600 comprimidos para conseguir travar a absorção de iodo radioativo pela tiroide.

Para além disso, o facto de estarem a esgotar está a prejudicar as pessoas que realmente precisam deles, como é o caso de grávidas, para prevenção de defeitos do tubo neural do feto, na amamentação, ou mesmo para quem tenha problemas de tiroide, e poderá trazer riscos para a saúde e devido funcionamento da tiroide para quem utilize sem necessitar. Embora estes medicamentos estejam sujeitos a receita médica, existem pessoas a ter acesso aos mesmos, e não só em Portugal.

Segundo os especialistas, os medicamentos vendidos em Portugal contêm entre 0,2 e 0,3 miligramas de iodo, e o necessário para combater uma exposição a tamanha radiação seria de 130 miligramas, e para além dos problemas de saúde que iria causar, essa dosagem teria de ser tomada imediatamente antes ou logo após a exposição para ter efeito protetor.