Durante muitos anos a raquítica evolução do investimento em Logística em Portugal deixou perplexos todos os que acompanharam a ascensão meteórica do setor na maioria dos países da Europa Ocidental. Enquanto que na maior parte dos outros países europeus, o investimento imobiliário no setor logístico passou de um peso insignificante a estar no Top 3, ou mesmo a liderar, em Portugal o volume de investimento anual neste setor continuou, em 2021, a ser um dos menos representativos.
No entanto, tudo indica que 2022 vai ser o ano em que tudo vai mudar para o investimento Logístico em Portugal. Atendendo às operações que já se concluíram ou que estão no mercado em fase avançada, o volume total de investimento em imóveis logísticos, em Portugal, pode crescer mais de 900% em relação ao ano anterior, podendo alcançar 600 milhões de euros de transações, ou mesmo mais, sempre e quando existam mais proprietários disponíveis para vender os seus ativos.
Nunca antes observámos um número tão elevado e diversificado de investidores imobiliários impacientes por aumentar ou iniciar a sua exposição no setor logístico em Portugal. Tendo apenas por base os investidores com os quais temos contactos próximos, identificámos mais de 2.750 milhões de euros disponíveis para investimento em ativos logísticos no nosso país. E esta é uma tendência global. Recentemente, a CBRE organizou um survey sobre as intenções de investimento e, sem surpresa, o setor logístico continua a ser preferido.
O perfil dos investidores é agora também muito diverso. Até muito recentemente, a maior parte das intenções de investimento dirigiam-se a ativos Core de grande dimensão, elevada qualidade técnica e com um inquilino sólido, com um contrato de arrendamento longo. Para estes investidores existiam muito poucas oportunidades disponíveis, uma vez que a maior parte dos proprietários destes imóveis preferem não os vender. O leque de potenciais investidores alargou-se radicalmente. Hoje, continuamos a ter investidores Core mas agora existem compradores para ativos de todos os tamanhos. Existem agora investidores que procuram ativos para reabilitar e disponibilizá-los de forma rápida ao mercado e existem até investidores e promotores dispostos a iniciar projetos de construção de novos armazéns de forma totalmente especulativa.
Todo este interesse é naturalmente impulsionado por uma dinâmica de investimento internacional favorável ao investimento no setor, mas sobretudo é um grande voto de confiança dos investidores no potencial de crescimento da procura e de um consequente potencial aumento de rendas nas principais cidades portuguesas.
Naturalmente, existem alguns riscos importantes no horizonte, mas alguns deles reforçam a necessidade de uma rede logística nacional robusta, moderna e integrada, pelo que tudo leva a crer que 2022 seja, de facto, o ano do investimento logístico em Portugal.
Nuno Nunes | Diretor de Capital Markets | CBRE Portugal