A Siemens Portugal cada vez tem mais fornecedores, sendo que no momento conta com 970 fornecedores adicionais, dos quais 70% são empresas portuguesas. Apesar deste facto, Pedro Pires de Miranda, CEO da Siemens Portugal, garante “tem subido, mas tem de subir mais”, e, por isso, será necessário encontrar mais alternativas locais no que diz respeito ao fornecimento.
“A cadeia de valor é elástica, mas a matriz está cada vez mais sofisticada no tipo de fornecimento” acrescentou, consequências, em parte, advindas da pandemia e da guerra na Ucrânia que ditaram a urgência do fornecimento próximo e célere. Contudo, o gestor, em declarações à margem da Hannover Messe disse que esta é “uma forma de a empresa ser mais resiliente”.
É importante relembrar que a empresa no início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia cortou todo o fornecimento à Rússia. Contudo, quando questionado sobre a dimensão dos impactos monetários desta ação, Pedro Pires de Miranda respondeu que “não era um valor exorbitante”, aquele que recebiam, referindo-se às vendas realizadas para a Rússia, para onde exportava “alguns produtos”, por exemplo da fábrica de Correios. Além disto, fazia “suporte de IT” ao país, como prestava também serviços partilhados a partir de Portugal.
No entanto, em relação aos componentes ligados à tecnologia, o diretor referiu que tem sofrido bastante com a supply chain da eletrónica, uma vez que continua “muito dependente do exterior”, exemplificando: “Temos máquinas prontas que não podem sair por causa da falta de um chip, o que prejudica a exportação deste tipo de produtos. Não deixa fazer o scale up”.
É de ressalvar que a empresa opera há 116 anos em Portugal, sendo a 10.ª empresa alemã que mais vende, ocupando o 11.º lugar como exportadora, “a força enquanto empresa está na exportação”, dado que, o “mercado nacional [está] a crescer de acordo com o crescimento económico português”, explica o líder da Siemens. Aliás, do volume de negócios total de 260,7 milhões de euros no exercício terminado em setembro de 2021, 158,8 milhões foram faturados fora de Portugal.
A empresa é, ainda, a 3.ª maior empregadora de origem germânica no país com atualmente 3.150 funcionários, dos quais só 20% não têm formação superior e apenas 15% são estrangeiros, cerca de 58 nacionalidades, sendo a predominante, a brasileira. Até 2025 a empresa quer ter a trabalhar para si 3.500 pessoas, tendo a maior parte das suas vagas na área do desenvolvimento de software.
A Siemens espera também ultrapassar barreiras com a sua parceria com a empresa Introsys com o desenvolvimento de sistema de localização em tempo real de veículos autónomos para a Volkswagen Autoeuropa, pois existe “potencial de alargar este sistema a toda a fábrica e a outras, quer no automóvel quer noutras áreas que tenham necessidade de transportar peças dentro das fábricas”, refere Luís Bastos, responsável pela área de indústria na Siemens Portugal.
Outros dos projetos da Siemens são por exemplo: um sistema de gestão inteligente de resposta a inundações, energia e qualidade das águas balneares desenvolvido com a Águas do Algarve; a parceria com a CaetanoBus para a eletrificação e descarbonização de autocarros; e a criação de dois centros de competências exportadores: um deles relacionado com soluções logísticas para armazéns automáticos e o outro, um hub especializado na modernização de portos.
Pedro Pires de Miranda acabou por adiantar que na maior parte dos projetos da Siemens está a ser praticado o “comissionamento remoto”, tendência que já foi experimentada no Dubai e irá “aumentar a competitividade de Portugal”.