“Aqueles que hoje são diretores intermédios, para sobreviverem ao século XXI, não devem ter medo da competição, da comparação e principalmente, não devem ter medo de trabalhar junto dos seus subordinados, pois só assim poderão acrescentar valor à sua cadeia, quer a montante, quer a jusante.”
Está tudo vendido, seja elétrico ou de combustão, até o que ainda não está fabricado, está vendido!
Não tenho a certeza de que o futuro seja elétrico, mas para que uma marca como a Ferrari continue a ter sucesso tem de se adaptar à nova realidade e aos novos desafios e, para tal, foram substituídos gestores-chave para uma transição bem sucedida. Uma das alterações foi o próprio CEO (Benedetto Vigna) que vem de uma tecnológica e já começou a arrumar a casa, como diz Alfredo Lavrador, “libertando assim vários cargos intermédios de gestão, com a finalidade de tornar a Ferrari mais ágil na resposta às necessidades do futuro.”
Mas a Ferrari não esteve sozinha. Em resposta, a Mercedes, a BMW e a Volkswagen já anunciaram as suas linhas estratégicas na gestão das empresas, num conceito TOP-DOWN para fazer frente a uma realidade que já não é clássica, a um presente futurista e a um futuro disruptivo.
As empresas mais pequenas, do automotive ou não, devem olhar para estes exemplos, retirar os ensinamentos positivos e avançar para a mudança, (p.e.) em muitos países do norte da europa a imagem do project manager já não corresponde à versão clássica que ainda presenciamos a sul, pois esta figura já não existe, mas antes um par com responsabilidades de team leader.
Infelizmente em Portugal as empresas insistem em manter os modelos clássicos, desatualizados e desajustados à nova realidade e a novos modelos de gestão.
No norte da europa, a reboque ou não desta decisão estratégica da Ferrari, algumas empresas já começaram a reavaliar a necessidade da existência de diretores intermédios, do envelhecido modelo clássico. Estas figuras têm peso na estrutura e representam pouco valor acrescentado. Pois muitas vezes os diretores intermédios protagonizam um paradoxo empresarial. Estes trabalhadores colocam-se numa situação muito peculiar e no seu dia a dia não são nada mais nada menos do que uma caixa de email que faz forward dos emails do CEO para as suas equipas, sem acrescentar o que quer que seja à informação. Quando isto acontece, o diretor está só a tentar sobreviver numa estrutura rígida e está a tornar-se dispensável, porque se o (X) for retirado da equação, não abala a estrutura!! Fica tudo exatamente na mesma!! Pelo que, a sua sobrevivência estará a prazo.
Aqueles que hoje são diretores intermédios, para sobreviverem ao século XXI, não devem ter medo da competição, da comparação e principalmente, não devem ter medo de trabalhar junto dos seus subordinados, pois só assim poderão acrescentar valor à sua cadeia, quer a montante, quer a jusante.
Este “achatar das estruturas” simboliza o agilizar de procedimentos para responder à velocidade dos acontecimentos e não é por acaso que lemos, cada vez mais, a expressão “get your hands dirty”, em anúncios para team leaders em mercados externos.
Os diretores intermédios para as futuras gerações serão muito semelhantes a figuras do paleolítico superior.
Henrique Germano Cardador, Corporate Strategy Analyst Europe & Africa
Caro Henrique,
Os exemplos que apresentam são transversais a muitos negócios.
As organizações estão a ser “esmagadas” e muito se deve a digitalização, automação e Inteligência Artificial que estão a automatizar a indústria de serviços (s/ valor acrescentado).
A tradicional pirâmide organizacional vai passar a um funil, veja-se Uber, Amazon, contato centers, etc. . Onde está a gestão de topo ? USA, China,…, , Em Portugal apenas nos restam os serviços menos qualificados.
Portanto ou fazemos upskilling , reskilling ou estaremos muito mal !!
Viva Caro Luís,
Muito obrigado por ter participado na discussão.