O European Payment Report (EPR) 2022 da Intrum, estudo realizado a mais de 11.000 empresas em 29 países revela que 62% das empresas portuguesas aceitaram, nos últimos doze meses, prazos de pagamento mais longos do que consideram razoável. Ainda assim, a média europeia é relativamente mais elevada, registando os 75%.
A crise na Ucrânia está a ter menos impacto em Portugal do que em outros países europeus, mas há preocupações com o aumento do custo de vida no país. Mais de metade das empresas (53%) afirma não possuir a experiência interna necessária para gerir com sucesso o impacto da inflação nos seus negócios.
De acordo com o estudo da Intrum, 75% dos inquiridos portugueses já foram convidados a aceitar prazos de pagamento mais dilatados do que consideram razoável.
Também a COVID-19 deixou as suas marcas, uma vez que, 46% das empresas portuguesas consideram que levará mais um ano, pelo menos, até que a pandemia deixe de ter impacto nos negócios. Valor que compara a uma média de 35% em toda a Europa. Em tempos de incertezas como atualmente vivemos, o estudo da Intrum demonstra que 64% das empresas portuguesas afirmam estar mais preocupadas do que nunca com a capacidade dos seus clientes pagarem nos prazos, valor em linha com a média europeia, que regista os 62%.
Mas as preocupações não ficam por aqui. Quando questionados, 41% dos inquiridos portugueses afirmaram que, se houver registo de outra crise no próximo ano ou dois, não haverá forma de gerir a tesouraria e os lucros como antes da pandemia.
Depois de mais de dois anos após o início da pandemia, a COVID-19 continua a impactar a vida das empresas. Para 58% dos gestores portugueses, a sua principal prioridade é fomentar o crescimento dos seus negócios ao longo de 2022. Na Europa, a média é de 55%.
O estudo revela ainda que a inflação está a deixar marcas, restringindo a capacidade de expandir os negócios e aproveitar novas oportunidades. Esta é a opinião de mais de 53% das empresas em Portugal, valor em linha com a média europeia (51%).
Para além disso, o EPR 2022 evidencia que os prazos médios de pagamentos oferecidos em Portugal, este ano, para empresas e Setor Público subiram, uma vez que, as empresas continuam a ser pressionadas para aceitarem prazos de pagamento mais elevados do que consideram aceitável.
Para se protegerem do impacto dos atrasos de pagamento no cash flow, as empresas tendem a adotar diversas medidas preventivas, como vendas com pré-pagamento (41%); melhorar a gestão de crédito (48%); recurso a empresas externas especializadas na recuperação de dívidas, uma opção mais frequente nas grandes organizações (31%).
Luís Salvaterra, diretor-geral da Intrum Portugal, considera que “para combater esta situação (crónica e estrutural), que pode agravar em períodos de conjuntura adversa, torna-se imperativo que as empresas utilizem os mecanismos ao seu dispor para disciplinar e garantir o seu futuro, contribuindo para uma economia sólida e sustentável. Receber dos clientes e pagar aos fornecedores nos prazos deve fazer parte do Código de Ética das empresas e cresce o número de empresas, que exigem que esta informação seja divulgada como condição para estabelecerem relações comerciais.”