A inflação está a superar os máximos de várias décadas, em todas as regiões. Contudo, segundo avança um relatório da Crédito y Caución, enquanto na Europa a subida dos preços deriva principalmente das perturbações nos preços da energia, resultantes da invasão da Ucrânia, nos EUA a origem está em desequilíbrios mais gerais: a procura após a pandemia supera a oferta e o facto da economia norte-americana funcionar acima da sua plena capacidade, explica as intensas subidas das taxas de juro realizadas pela Reserva Federal.
A Crédito y Caución prevê que o crescimento do PIB nos EUA tenha uma aterragem suave nos 2,6% em 2022 e 1,8% em 2023, com risco de atravessar uma ligeira recessão em algum momento de 2024. A seguradora de crédito espera novas subidas da taxa de juro de referência no segundo semestre para terminar o ano entre os 3,75% e os 4,0%. Os consumidores norte-americanos encontram-se numa posição de força. Espera-se que o mercado laboral ganhe uns quatro milhões de postos de trabalho em 2022 e que a taxa de desemprego estabilize nos cerca de 3,5% no segundo semestre.
No Reino Unido, o relatório prevê que o crescimento se situe nos 3,6% em 2022 e 1,3% em 2023. A inflação acelerou a máximos dos últimos 40 anos. Simultaneamente, a libra esterlina desvalorizou face ao dólar devido ao maior risco geopolítico na Europa e às subidas das taxas de juro, o que provocou um agravamento dos preços das importações no Reino Unido. A pressão sobre os lares britânicos é elevada já que os preços sobem e o apoio fiscal vinculado à pandemia diminuiu, pelo que a Crédito y Caución prevê que o consumo caia no segundo semestre. As exportações líquidas continuam a pesar no crescimento do PIB britânico desde o Brexit. Embora se espere que melhorem gradualmente em 2023, as novas tensões com a União Europeia, relacionadas com o protocolo da Irlanda do Norte colocam em risco esta recuperação. Uma guerra comercial pesaria significativamente no crescimento do Reino Unido.
No Japão, prevê-se que a economia cresça 2,0% em 2022 e 2,4% em 2023. À medida que a economia reabre após a última vaga de Covid-19, espera-se que o crescimento do consumo aumente, embora a inflação represente um risco para a recuperação. O crescimento das exportações vê-se pressionado pela desaceleração do crescimento mundial e pelos problemas das cadeias de fornecimento. Mais de 90% do consumo energético do Japão depende de importações, pelo que a economia é também ela vulnerável à volatilidade dos preços mundiais da energia.