A crise energética europeia, derivada do conflito na Ucrânia, colocou em causa o fornecimento de embalagens de vidro na Europa. Agora a AIVE critica o apoio anunciado pelo Governo para apoiar as empresas intensivas em gás e refere que terá “um impacto irrisório”.
A Associação das Indústrias do Vidro de Embalagem (AIVE) refere que o apoio anunciado pelo Governo para apoiar as empresas intensivas em gás “tem um impacto irrisório” alertando que pode “seguramente condicionar o fornecimento de embalagens de vidro para a indústria alimentar e de bebidas”.
Em comunicado, a AIVE avisa que as “empresas já usaram os seus últimos recursos, as que puderam aumentaram preços, as que não puderam, gastaram as reservas e o apoio agora anunciado tem um impacto irrisório. A situação é alarmante e os apoios manifestamente insuficientes. A manutenção desta situação vai seguramente condicionar o fornecimento de embalagens de vidro para a indústria alimentar e de bebidas“.
A título de exemplo, devido à falta de vidro, este verão o grupo Super Bock vendeu as suas sidras nas suas garrafas escuras, iguais às da cerveja: “Há globalmente, e também na Ibéria, alguns constrangimentos na produção de vidro branco e, atendendo ao crescimento da procura de Somersby projetada, decidimos proativamente por uma mudança temporária […] para não corrermos riscos de abastecimento. Vivemos tempos complexos e que nos exigem muita proatividade e flexibilidade para conseguir antecipar constrangimentos, mitigá-los e, acima de tudo, responder à procura”, declarou na altura ao “Jornal de Notícias” o presidente executivo da Super Bock, Rui Lopes Ferreira.
O programa “Apoiar Indústrias Intensivas em Gás” teve início em abril e foi na semana passada alargado para 235 milhões de euros. No entanto, a AIVE continua a questionar ”a verdadeira dimensão deste apoio para a Indústria”, interrogando o Governo sobre a razão por “só agora” ter avançado com o “que a Comissão Europeia lançou em março, tendo optado em abril apenas pela modalidade mais genérica e por um tímido apoio”.
A associação referiu ainda que “mesmo depois do reforço de medidas da CE em julho, nem agora o Governo português ativa o previsto pela UE desde início, apesar de afirmar que se trata do limite legal fixado pela Comissão Europeia” acrescentando que “num setor com o consumo de gás natural próximo da totalidade do consumo doméstico do País, onde o peso do custo do gás representa hoje um valor superior a 60% do seu custo industrial, esta nova medida apelidada de ‘apoio extraordinário’ resultará apenas numa ajuda global de oito milhões de euros”.