A redução do nível da água do rio Reno, na Alemanha, criou constrangimentos ao setor do transporte fluvial na Europa, tendo um impacto negativo nas cadeias de abastecimento. No porto de Koblenz, não está prevista a chegada de navios porta-contentores.

O nível de água do rio Reno começou a diminuir no início do ano, uma vez que a primavera foi bastante quente e seca. Prevê-se que em Kaub, uma das partes mais rasas do Reno, o nível das águas possa continuar baixo durante todo o outono. Arndet Puderbach, gestor de um terminal da empresa Contargo, referiu à Euronews que “os níveis de água já são uma preocupação para nós e essa é uma situação muito difícil porque a procura existe, mas, infelizmente, não podemos oferecer a capacidade de carga esperada pelos nossos clientes e o serviço que gostaríamos de oferecer”.

Para combater este problema a solução passou por criar pontes terrestres, sendo as mercadorias transportadas através da via férrea ou pela estrada durante parte do percurso. Além disso, a empresa alemã decidiu encomendar novas embarcações elétricas com capacidade para navegar em águas mais rasas.

“É claro que vamos adaptar os navios que estamos a construir para que, por defeito, possam transportar mais carga, mesmo com um nível de água mais baixo. É uma questão extremamente importante para garantir uma boa utilização das embarcações quando há pouca água no Reno”, afirmou Kristin Kahl, chefe de sustentabilidade da empresa Contargo.

Enno Nilson, investigador do Instituto Federal de Hidrologia, fez questão de realçar que “estamos no início da época da maré baixa. Estamos no início de setembro, e a época de maré baixa aqui dura normalmente até outubro, por vezes até novembro”.

“Em condições futuras de alterações climáticas, prevê-se que a situação da falta de água se agrave, se não agirmos para proteger o clima. Por um lado, há a questão da intensidade do fenómeno, ou seja, até que ponto o nível da água pode baixar, até que ponto a possibilidade de transportar mercadoria por via fluvial pode ficar limitada? E há também a questão da duração do fenómeno. Podemos atravessar longos períodos de águas baixas, semanas ou meses, e temos de nos adaptar. Como é que vamos reagir, nessas situações?”, questionou.

Não obstante, atualmente, as empresas de transporte fluvial possuem instrumentos de previsão mais sofisticados para gerir a logística. De modo a solucionar o problema, o governo vai aumentar a profundidade dos canais mais rasos.

De facto, a situação é preocupante e a seca pode mesmo vir a agravar-se. Vale a pena lembrar que o mês de agosto foi o mais quente de que há registo, com 1,7 graus Celsius acima da média de 1991-2020, quase um grau acima do recorde anterior para um mês de agosto, que data de 2018.

Os dados do Serviço de Alterações Climáticas do Copernicus mostram ainda que existe uma tendência de aquecimento desde 1979. No que diz respeito às anomalias combinadas da temperatura de junho, julho e agosto à escala global, os dados mostram que o verão de 2022 foi mais quente do que a média em muitas áreas do hemisfério norte.