Fileira do vinho quer plano extraordinário de apoio
Out 3, 2022
É a segunda vez, no espaço de um mês, que a ANCEVE, Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas alerta para os problemas com que o setor se debate e agora pede mesmo “um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho”.
A ANCEVE alerta mais uma vez “para o facto de o aumento continuado dos preços das matérias-primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral, estar a levar inúmeros pequenos e médios produtores, que constituem o grosso do tecido empresarial da fileira vitivinícola, à beira da falência”.O setor está a ser também afetado pela subida dos preços dos combustíveis (“o gasóleo agrícola subiu exponencialmente”, “83 cêntimos para quase 1,80 euros o litro”), caixas de cartão (“125 por cento, de 400 euros para mais de 900 euros o milheiro”), garrafas de vidro (“50 por cento de aumento para uma garrafa tipo” e com as garrafas a subirem “quatro vezes este ano, de 18 cêntimos em 2021 para 27 cêntimos em 2022″), rótulos (50 por cento), rolhas (20 por cento), cápsulas (30 por cento), e outros materiais agrícolas essenciais (que “subiram para mais do dobro”). Entretanto, todos os fornecedores debitam agora aos produtores o transporte dos materiais, que antes estava incluído nos preços. E passaram a exigir aos pequenos e médios produtores o pagamento contra entrega, não concedendo prazos de pagamento, como antes se verificava.
Por outro lado, continuam a registar-se grandes problemas no abastecimento dos materiais de engarrafamento, sobretudo do vidro e do cartão.
Em sentido contrário ao das despesas, os produtores, sublinha a ANCEVE, “apenas conseguiram subir os seus preços de venda em cerca de 10 por cento, pelo que a esmagadora maioria irá apresentar enormes prejuízos no final do ano, se lá conseguirem chegar”.
Por outro lado, escasseia a mão-de-obra, numa altura crucial de vindima. E a legislação continua a estar desadaptada à realidade, sem qualquer flexibilidade. Como exemplo, se um trabalhador com salário mínimo aceitar por hipótese trabalhar aos sábados, para tentar aumentar a sua remuneração, acaba por receber menos dinheiro no final do mês, pois a subida automática de escalão prejudica-o de forma drástica.
E a ANCEVE solicitou que o Governo aceitasse agilizar um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho, um setor que leva longe o nome de Portugal, mas está a ficar estrangulado pelo aumento sem precedentes dos custos.
A associação diz ter pedido ao Governo,ainda em agosto, um plano extraordinário para a fileira do vinho, de apoio à tesouraria, sem juros, e a diminuição dos impostos associados ao gasóleo agrícola. Sugeriu à tutela igualmente que apoiasse o setor no investimento em barricas ou tonéis de madeira e no armazenamento de garrafas, dada a escassez no mercado e o aumento continuado dos preços, medida esta “a enquadrar legalmente, em diálogo com a União Europeia”.