O Fórum Económico Mundial (WEF na sigla em inglês) olhou para quatro grandes empresas multinacionais (Royal Philips, Unilever, Ingka Group e ZF) e analisou os seus esforços e medidas em termos de sustentabilidade e políticas de zero emissões. E há qualquer coisa a mudar. Saiba o quê e porquê.

O procurement tem um papel principal para desbloquear os ESG na cadeia de abastecimento e a compreensão dos meios para combater as emissões de carbono nas operações organizacionais expandiu-se para incluir agora variáveis para além das simples, evidentes e diretas pegadas de Co₂ (scope 1).

“Tomemos como exemplo a aliança de CEO Climate Leaders. 80% da pegada total de emissões de 4,3Gt destas empresas é produzida pelas suas cadeias de abastecimento, também conhecidas como emissões de âmbito 3”, avança o WEF. “Isto é muito mais elevado do que o scope 1 (emissões diretamente geradas por uma empresa) e  que o scope 2 (emissões indiretas associadas à compra de eletricidade ou entradas de aquecimento e arrefecimento) combinados”.

Os quatro gigantes analisados pelo WEF, assim como os seus progressos em relação ao desenvolvimento sustentável foram  a Royal Philips, o grupo Ingka, a Unilever e a ZF.

A Royal Philips (RP) estabeleceu o objetivo de gerar 25% das suas receitas a partir de produtos, serviços e soluções circulares até 2025, de acordo com o relatório do WEF.

“Em 2018, a empresa anunciou o seu compromisso de retomar e reequipar todos os grandes sistemas médicos que os seus clientes estavam dispostos a devolver até 2020. Para apoiar a iniciativa, a Philips iniciou a Capital Equipment Coalition, um grupo de organizações semelhantes, incluindo a ASML, Cisco, Dell, KPN, Damen, Lely, Enel e Vanderlande, para desenvolver e partilhar as melhores práticas”.

No que diz respeito ao Grupo Ingka, onde se inclui a Ikea, e à sua abordagem às economias circulares, centrando-se na pegada massiva do seu mobiliário, colchões, etc., o FEM afirma: “Como parte dos seus esforços para se tornar um negócio circular, o Ingka investiu na RetourMatras, uma empresa que desmantela colchões e reutiliza os resíduos, que tem a capacidade de reciclar todos os colchões eliminados na Holanda – 1,5 milhões anualmente. O Grupo Ingka não pára por aí: a seguir tem como alvo a Bélgica, Suíça, Dinamarca e Suécia, e deu os seus primeiros passos no sentido da reciclagem de colchões no Reino Unido”.

Já no caso Unilever, centrada no sourcing sustentável, as matérias-primas e embalagens da Unilever representam mais de 60% das suas emissões diretas da cadeia de valor, o que requer uma firme ênfase nos esforços para reduzir as emissões a montante das suas operações. “A Unilever não colabora apenas com os seus próprios fornecedores”, afirma o artigo do WEF. “É membro do 1.5-degree Supply Chain Leaders Exponential Roadmap Initiative e da Transform to Net Zero Initiative, onde colabora com outras empresas de indústrias semelhantes e não só para partilhar aprendizagens e ideias por forma a acelerar a ação climática nas cadeias de valor”.  Os seus esforços estão cada vez mais orientados para o modelo de abastecimento sustentável, que deverá ter um enorme impacto positivo no ambiente.

A ZF Friedrichshafen fornece sistemas para a indústria automóvel e tem vindo a trabalhar para reduzir a sua pegada de carbono através de algumas mudanças fundamentais nas suas operações. “Uma vez que a ZF processa direta e indiretamente cerca de 1,5 milhões de toneladas de aço por ano em todo o mundo, uma alavanca-chave para o conseguir é a compra de material de fonte sustentável”. A empresa está a consegui-lo através da colaboração com os seus fornecedores.

“A ZF concluiu recentemente um acordo de fornecimento a longo prazo com a H2 Green Steel – de 2025 a 2032, a empresa vai aumentar e fornecer à ZF 250.000 toneladas de aço anualmente a partir de uma fábrica no Norte da Suécia. Esta fábrica tem digitalização de ponta a ponta, eletricidade de fontes renováveis e utiliza hidrogénio verde em vez de carvão. A utilização de hidrogénio verde em vez de carvão significa que a reação química que ocorre durante a produção de aço emite água, em oposição ao CO₂”.

Os principais pontos que ressaltam desta análise do WEF são:

 

  • O combate às emissões da cadeia de abastecimento poderia ter um impacto significativo no clima, mas os progressos são lentos;
  • Quatro grandes empresas da “Alliance of CEO Climate Leaders” – Royal Philips, IKEA, Unilever e ZF – partilharam a forma como estão a trabalhar para reduzir as emissões nas suas cadeias de abastecimento;
  • Os princípios-chave para acelerar o progresso são a colaboração, CEOs dedicados a alcançar as zero emissões e políticas de apoio.