Desde o passado dia 22 de dezembro que os trabalhadores das administrações portuárias se encontram em greve, estando o seu fim previsto para o próximo dia 30 de janeiro. Algumas empresas e associações já lançaram um alerta para o impacto no abastecimento de matérias-primas, particularmente no setor agroalimentar, que já estava a ser afetado há algum tempo, com a pandemia de COVID-19 e a guerra na Ucrânia.

A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias (SNTAP) pela necessidade de uma revisão salarial para 2023, indicando existir uma “ausência total de disponibilidade”, face às diversas tentativas de agendamento de reuniões por parte do sindicato, que nunca terão sido respondidas por parte das administrações de Sines e de Lisboa.

A Associação Empresarial de Portugal (AEP) lançou um comunicado no passado dia 29 de dezembro a alertar o Governo para os prejuízos que a greve dos trabalhadores das administrações portuárias está a ter nas empresas e na economia, tendo-se associado à Comunidade Portuária de Leixões, à Associação Comercial do Porto, à Associação de Agentes de Navegação de Portugal (AGEPOR), à Associação Nacional de Empresas Concessionárias de Terminais Portuários, à Associação dos Transitários de Portugal (APAT) e à Associação de Operadores Portuários de Leixões.

De acordo com as sete entidades, que se manifestam enquanto trabalhadores, operadores e clientes do Porto de Leixões, o bloqueio que a importação e a exportação de mercadorias está a sofrer é motivo de grande preocupação, sendo o maior lesado o porto de Leixões, que pelas suas características físicas obrigaram o seu encerramento total, impossibilitando tanto a entrada como a saída de navios.

No comunicado, as entidades contam que “os utilizadores dos portos nacionais com maior capacidade já estão a desviar carga para Espanha e para outros portos internacionais, mas a maioria dos operadores económicos não tem essa possibilidade, estando neste momento paralisados”. Para além disso, adiantam que as administrações não possuem o poder para resolver as questões salariais que o SNTAP apontam, e que estas “só podem ser resolvidas pela respetiva tutela”, e “é público que as negociações fracassaram e que a tutela cortou contacto com os representantes sindicais”.

Segundo as empresas e associações setoriais, caso a greve se mantenha até à data prevista, não existem alternativas viáveis para manter as operações de importação e exportação de bens, mas os trabalhadores prometem levar esta greve até ao final.

“É urgente garantir a suspensão desta greve e travar a sangria económica que ocorre em todos os portos nacionais. Apelamos ao sentido de responsabilidade e dever das partes para que seja imediatamente retomado o diálogo e encontradas soluções para um problema que é de todos”, conclui a AEP.