“Crescimento Ferroviário no Corredor Atlântico Ibérico – Desafios & Oportunidades” foi o tema do seminário internacional promovido pela Administração dos Portos de Aveiro e Figueira da Foz (APA), no Museu da Vista Alegre, em Ílhavo, no âmbito do projeto Cencyl. A ligação é estruturante para a região, para as empresas e para a economia, sendo fundamental passar dos projetos e intenções à ação.

O encontro teve como objetivo alavancar o desenvolvimento do corredor ferroviário entre Portugal e Espanha, nomeadamente a oferta de serviços ferroviários entre os portos portugueses da região centro e os portos secos existentes até à região de Castela e Leão.

A sessão de abertura esteve a cargo do Presidente do Conselho de Administração dos Portos de Aveiro e da Figueira da Foz, Eduardo Feio, do Alcaide de Salamanca, Carlos Garcia Carbayo, e do Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, João Campolargo.

“Hoje os portos não são apenas locais onde se carregam e descarregam mercadorias, são também fator de coesão territorial e de desenvolvimento económico”, lembrou o presidente da APA, Eduardo Feio, antes de aludir à missão de tornar Aveiro no porto português da costa, atraindo mais e melhores cargas, com a rodovia a desempenhar um papel importante, mas em que a existência de uma rede ferroviária competitiva tanto no lado português como do lado espanhol será um grande avanço para que o mercado, as empresas considerem a ferrovia como alternativa para a circulação das suas mercadorias.

 

“Salamanca já tem mar”

Foi com visível satisfação que o alcaide de Salamanca, Carlos Garcia Carbayo, se referiu à relação estreita que Castela e Leão mantém com o Porto de Aveiro e com a região centro, reforçada naquela manhã pela inauguração na zona portuária de Aveiro da “Avenida de Salamanca”, simbolicamente estreitando a relação de cooperação do porto com Salamanca e com a sua plataforma logística, a ZALDESA.

“Para nós é muito importante a logística e estas alianças”, lembrou o alcaide, não escondendo a importância daquele dia para Salamanca, do ponto de vista simbólico: “Salamanca já tem mar. Salamanca já tem mar em Aveiro e já tem um lugar onde reconhecer-se e sentir-se em casa”.

Carlos Garcia Carbayo lembrou que são muito anos de trabalho conjunto, entre municípios e entre países, “com os olhos postos no desenvolvimento deste corredor tão importante para todos nós, que é o Corredor Atlântico”. E os resultados vão começar a ver-se, segundo o alcaide de Salamanca, pois “em Salamanca não esperámos pela chuva de milhões de euros de fundos europeus e começámos a investi-los antes, com o compromisso não apenas do município de Salamanca mas também de um conjunto de outras entidades e da Junta de Castela e Leão no co-financiamento de todo o desenvolvimento da zona industrial e da plataforma intermodal do porto seco”. Como explicou, a primeira fase do desenvolvimento industrial está a terminar e as máquinas avançam agora para a construção do porto seco. Pela frente estão 18 meses até à conclusão das obras e até a ferrovia entrar em Salamanca, onde todos estão “prontos para receber as mercadorias vindas dos portos portugueses. Esse é o trabalho que temos pela frente, ou seja, passar dos protocolos e dos convénios à prática e tornar realidade os nossos sonhos e continuarmos a trabalhar juntos”.

 

Aveiro, a ferrovia e o futuro

O seminário decorreu no âmbito do projeto Cencyl – Rede de Cidades Portugal – Espanha, financiado pelo FEDER – Interreg Espanha – Portugal.

O 1.º painel, cujo tema foi a “Qualidade das Infraestruturas Ferroviárias do Corredor Ibérico – Desafios”, contou com a moderação de Fernando Gonçalves, diretor da Transportes & Negócios. Os oradores convidados abordaram diferentes áreas: Daniela Carvalho, Consultora para o Corredor Atlântico da TIS.pt, debruçou-se sobre a revisão da RTE-T para a promoção da ferrovia e serviços de Short Sea Shipping; Mário Fernandes, Diretor de Planeamento Estratégico das Infraestruturas de Portugal, apresentou o Plano Ferroviário Nacional com destaque para as melhorias do Corredor Internacional Norte e Portos Secos; Marta Alves, Responsável pelo Gabinete de Estratégia da APA e da APFF, deu a conhecer os Portos de Aveiro e da Figueira da Foz enquanto Plataformas Multimodais Competitivas; e Pablo Hoya, Diretor Geral da ZALDESA, falou sobre o Porto Seco de Salamanca como conexão competitiva com os portos do Atlântico.

O 2.º painel, em formato de mesa redonda foi moderado pela Supply Chain Magazine e debateu os “Serviços Ferroviários do Futuro – Alavancas para o seu Crescimento”, num painel constituído por António Nabo Martins, Presidente Executivo da APAT, Francisco Fonseca, Vice-presidente da ANTRAM para a Região Norte e Miguel Rebelo de Sousa, Presidente da APEF.

Das várias intervenções, ficou claro que ainda são alguns os desafios que se apresentam ao corredor atlântico ibérico: como a superação das barreiras técnicas e operacionais entre os diferentes sistemas ferroviários, a coordenação dos investimentos necessários para melhorar a infraestrutura existente e construir novos troços, a articulação com os outros corredores europeus e, não menos importante, a adaptação às necessidades e expectativas do mercado e das empresas.