A Rota da Seda teve um papel significativo no intercâmbio cultural entre as civilizações ao longo dos séculos, levando à difusão de ideias, religiões, tecnologias e arte. Além disso, a rota também teve impacto nas dinâmicas políticas e diplomáticas entre as regiões conectadas. Porém, a Rota da Seda perdeu parte de sua relevância com o surgimento de rotas marítimas mais diretas após a Era dos Descobrimentos. Mas o seu legado cultural e histórico permanece até os dias de hoje, tanto que, a rota foi reativada em 2013, pela China, com o discurso de contribuir, ou, promover a conectividade econômica e o desenvolvimento ao longo das rotas comerciais entre a Ásia e a Europa, que agora leva o nome de Cinturão e Rota, também conhecida como “Belt and Road Initiative” em inglês.
Na última conferência organizada pela Supply Chain Magazine, tive a oportunidade de conversar com pessoas que acreditam que a reativação da rota da seda não passa de um plano chinês para dominar mercados, ou dominância mundial. É o que eu também penso. E parece que a China está alcançando seus objetivos.
O projeto chinês está a correr tão bem que hoje já ouvimos muitas especulações sobre a moeda chinesa substituir o Dólar. Eu, particularmente, não acredito que isso venha a acontecer tão cedo, tanto que, moeda quer dizer confiança, e a China, começando pelo seu regime político, transmite pouco. Porém, não podemos subestimar uma Nação que, sete décadas após sua fundação como o maior país comunista do mundo, caminha, segundo alguns analistas, para se tornar a principal potência econômica do planeta.
O PIB chinês é superado apenas pelo dos Estados Unidos. No entanto, em termos de paridade do poder de compra, já é o país mais rico do mundo. A China também possui o setor bancário mais rico e a instituição com o maior total de ativos: o Banco Industrial e Comercial da China.
A diferença entre a iniciativa do Cinturão e Rota e a Rota da Seda histórica é a escala e o escopo dos projetos. No geral, os interesses e propósitos continuam os mesmos.
Na prática, o que a China faz hoje nada mais é que se aproximar de países pobres, estruturalmente falando, e oferecer lhes recursos para que estes desenvolvam suas infraestruturas: portos, aeroportos, ferrovias (…). O que acontece é que todo esse desenvolvimento/investimentos vem atrelado a contratos que só beneficiam a China, que vai se tornando cada vez mais poderosa e ditando regras no mercado de Importação e exportação e, no mercado financeiro.
A impossibilidade dos países honrarem seus compromissos financeiros possibilita à China de ganhar conceções onde foram feitos os investimentos. E, bingo! Era aqui que eu queria chegar. A própria China cria essas impossibilidades. E o que acontece quando se tem liberdade e trânsito livre? Para refletir!
Com isso tudo, eu só queria dizer que os chineses foram pioneiros em domesticar o bicho-da-seda e dominar a sua técnica de produção. (Fica a ironia).
Fernanda Herculano | Business Manager / SAP Consultant Procurement and Sourcing
Nota: A autora escreve segundo a variante de português do Brasil.