Trabalhar em procurement nunca foi tão difícil. Desde as perturbações na cadeia de abastecimento até aos rápidos aumentos de preços e posteriores reduções nas taxas de transporte, desde uma economia de bens devastada pela inflação até às pressões das redes sociais que afetam as vendas, definitivamente o trabalho mudou. E nem sempre para melhor.
No início deste ano, a McKinsey & Company elencou os desafios, fornecendo um plano para o sucesso dos atuais Chief Procurement Officers (CPO) e decidimos repescar esse documento e algumas dicas que lhe podem ser valiosas.
“Algumas das tendências mais importantes podem persistir muito para além de 2023”, escreveu a McKinsey. “Além disso, a própria função de compras continua a enfrentar grandes mudanças, que tornaram obsoletos os seus modelos operacionais tradicionais. As organizações de vanguarda estão cada vez mais a distanciar-se do resto do grupo, implantando os seus talentos, capacidades, tecnologia e perceções sobre a complexidade do mundo de maneiras que as impulsionam muito à frente do resto.”
A McKinsey argumenta que os modelos de procurement “one size fits all” já não são viáveis em 2023, mas que uma “resposta ao nível de categoria” é apropriada.
“As compras podem desempenhar um papel fundamental na resolução dos problemas empresariais mais prementes da atualidade, mas não o podem fazer sozinhas. Vencer agora requer um nível totalmente novo de melhoria da resiliência e de criação de valor, construído através de um esforço coordenado ao nível de toda a empresa”, referem.
A consultora enumerou ainda “10 ações fundamentais” que os profissionais de procurement podem tomar para enfrentar os desafios atuais. Ei-las:
1. Identificar vulnerabilidades com uma avaliação de risco de 360 graus
2. Ganhar visibilidade em tempo real através de um “cockpit de resiliência”
3. Atualizar estratégias de categoria e combater a inflação
4. Melhorar o modelo de operação de risco
5. Otimizar as operações de ponta a ponta
6. Otimizar o consumo de energia – a curto, médio e longo prazo
7. Coordenar as respostas para uma gestão integrada das margens
8. Redefinir a conceção dos produtos da carteira
9. Coordenar uma resposta holística através de um centro nevrálgico central ou torre de controlo
10. Criar novas capacidades de resiliência
A McKinsey prossegue com uma análise mais aprofundada de cada ação, que pode ler aqui.
Segundo a consultora internacional, os desafios da cadeia de abastecimento são atualmente estruturais e podem demorar vários anos a resolver-se. Por isso, “a ação transformadora [é] a única opção para enfrentar a volatilidade e as disrupções”.
Este facto proporciona uma grande oportunidade para os líderes de procurement, afirma. “O contexto atual é um momento de definição de carreira para os CPO. Os líderes de compras que demonstram valor para a empresa podem tornar-se parceiros estratégicos de pleno direito dos CEO, CFO e COO”, afirma a McKinsey no mesmo documento. “Os CPO não devem mais ser meros guardiões de uma parte dos custos da empresa. Chegou o momento de os líderes de procurement entrarem num novo horizonte de criação de valor.”