De acordo com informações divulgadas pelo Portugal Têxtil, várias associações europeias, representando setores como vestuário, automóveis e calçado, estão a intensificar os seus esforços para a rápida ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul).
As 19 organizações, incluindo a Euratex, bem como entidades dos setores de calçado e automóvel, argumentam que a ratificação do acordo trará oportunidades significativas para a diversificação de mercados e fornecedores, além de manter as atuais cadeias de abastecimento em funcionamento. Vale a pena ressaltar que o acordo UE-Mercosul foi finalizado em junho de 2019, após duas décadas de negociações.
De acordo com a carta do consórcio, assim que for ratificado, o acordo UE-Mercosul oferecerá à Europa “uma oportunidade única e oportuna para aproveitar a vantagem de ser a primeira a mover-se no mercado mais vasto da América Latina”. Portanto, as associações acreditam que a UE deve aproveitar este momento e concluir o acordo. “Com barreiras significativas ao comércio com a região da América Latina ainda em curso, a ratificação do acordo UE-Mercosul iria ajudar a Europa a manter-se um ator fundamental e abrir oportunidades de comércio tanto com os países do Mercosul como com a América Latina no geral”, destaca a carta.
“A guerra na Ucrânia e o subsequente impacto na nossa cadeia de aprovisionamento demonstrou a importância de diversificar o nosso portefólio de mercados de exportação e de fornecedores de matérias-primas industriais críticas. O acordo UE-Mercosul irá ajudar a assegurar que as nossas cadeiras de aprovisionamento continuam operacionais num mundo cada vez mais volátil e ambíguo, marcado por diversas crises, que variam de dependências estratégicas na oferta de matérias-primas críticas a preocupações com fornecimento, assim como desafios demográficos. Neste contexto, finalizar a adoção do acordo UE-Mercosul é absolutamente vital”, acrescenta o documento.
A carta destaca também que a ratificação do acordo dará à União Europeia meios práticos para se envolver com os países do Mercosul em desafios globais, como alterações climáticas, conservação florestal e direitos trabalhistas. Além disso, possibilitará melhorar o diálogo regulamentar em áreas específicas, como bem-estar animal e rastreabilidade, resistência a antimicrobianos e padrões de produtos, nos quais o grupo enfatiza a necessidade de uma cooperação mais robusta.
“O acordo UE-Mercosul é também um bloco fundamental na estratégia mais abrangente da UE com a América Latina e Caraíbas, tal como apresentado na Comunicação Conjunta do Alto Representante e da Comissão Europeia publicada a 7 de junho de 2023. A UE é já a principal investidora na região e o comércio bilateral aumentou 40% desde 2018 graças aos acordos de comércio livre já em vigor na área. Ratificar o acordo UE-Mercosul iria impulsionar essas relações”, concluem os signatários da carta.
A carta foi enviada menos de um mês após os fabricantes de vestuário da União Europeia, Brasil e Argentina, terem solicitado aos seus presidentes que concluam o acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul até o final deste ano.