No passado, os portugueses eram considerados os melhores no desenrasque. Sempre que existia um problema, a solução era encontrada, com uma resolução improvisada e na maior parte das vezes só para que a tarefa ou a função fosse realizada.
Com o passar do tempo apercebo-me que profissionalizámos cada vez mais o «desenrasquismo». Aproveitamos esta vantagem de conseguirmos ter bons resultados com a experiência acumulada de décadas e constato que a ADAPTABILIDADE é a competência profissional adquirida.
A justificação para esta elevada performance advém da evolução a nível de conhecimento. Em média, somos mais capacitados tecnicamente, temos cada vez mais habilidades que nos permitem improvisar com competência. Somos melhores a projetar e planear. Conseguimos facilmente entender que ter equipas multidisciplinares é mais do que uma vantagem competitiva e cooperativa, é a fórmula do sucesso.
Em termos logísticos e operacionais, temos a capacidade de criar soluções de rentabilização mesmo quando os recursos e/ou a procura é baixa. A dimensão da operação é sempre a dificuldade. Se for maior: a disponibilidade de recursos; se for menor: é a rentabilização dos recursos mínimos.
No decorrer da minha experiência profissional encontrei e participei em projetos e atividades em que a adaptabilidade foi uma competência diferenciadora para a realização e conclusão dos mesmos. Este é o motivo que me levou a aprender mais sobre o assunto e estou a desenvolver alguns projetos de sensibilização e formação para evidenciar quais as características e capacidades para as quais o profissional tem de estar desperto para ser competente nas diversas áreas e atividades profissionais.
Obviamente que as várias experiências profissionais são uma mais-valia, pois o conhecimento técnico e mesmo teórico vão sustentar a capacidade de fazer/realizar. No entanto, para termos a capacidade de nos adaptarmos é preciso evoluir e adquirir conhecimento continuamente nas seguintes competências:
• Agilidade – ter a capacidade de agilizar tarefas, ser ágil na tomada de decisão e consequentemente ter pensamento rápido para responder às adversidades e contrariedades que surgem continuamente.
• Versatilidade – estar sempre pronto para tudo, qualquer que seja a atividade ou função a realizar, em qualquer cenário ou condições.
• Aprendizagem contínua – como nunca sabemos o que vamos precisar, se tivermos a oportunidade de aprender algo, o melhor é assimilar! Em algum momento iremos precisar. Existem várias expressões antigas que nos indicam a aprendizagem continua como uma vantagem: “O saber não ocupa lugar…” e “Aprender até morrer.” Também podemos associar à aprendizagem que o nível mais elevado da escala do conhecimento é quando estamos a ensinar algo a alguém… é neste momento que entendemos que sabemos muito pouco na realidade.
• Resiliência – diferente de teimosia, a resiliência promove a capacidade de acreditarmos em nós, na nossa equipa e no nosso projeto. Mesmo nas adversidades os resilientes conseguem ver a luz ao fundo do túnel.
• Comunicação – sem desvalorizar qualquer das outras competências, a comunicação é a base fundamental da adaptabilidade. Um bom comunicador consegue transmitir ideias e projetos com a precisão necessária para que todos compreendam, visualizem e acreditem
• Liderança – as dimensões da liderança são de tal forma poderosas que quem conseguir compreender que o líder é quem serve a equipa entende que a liderança começa em nós e termina em nós, sendo que o grupo se transforma numa equipa e evidencia o(s) líder(es) pelo reconhecimento orgânico.
• Inovação – o famoso pensar “fora da caixa”, alguém tem de criar o efeito excêntrico. Esta competência é um pouco provocar o pensamento crítico, sobre tudo, para pensar no que ainda não existe.
• Colaboração – o fazer parte da equipa, a capacidade de pertença e o desenvolvimento da entreajuda, como uma prática natural, provoca resultados extraordinários.
Em todas as áreas, profissões e funções é necessário ter esta habilidade bem desenvolvida. É verdade que estamos a passar por uma época complexa, onde tudo acontece muito rápido e facilmente se encontram soluções em qualquer parte do globo, mas a “fatura” tende a ser muito cara.
Acredito que a adaptabilidade foi e será sempre a salvação da humanidade.
Rui Silva | Co-founder | COPLOG – Consultores em Operações de Produção e Logística