A CNGR Advanced Material, fabricante chinesa de baterias, irá investir na construção de uma fábrica de materiais catódicos, em Marrocos, que servirá para abastecer o mercado europeu e dos Estados Unidos (EUA). O investimento ultrapassa os dois milhões de dólares, segundo o Dinheiro Vivo.
Em causa está a construção de uma fábrica de materiais catódicos, utilizados em baterias de lítio para armazenamento de energia, que se espera que gere material suficiente para um milhão de veículos elétricos por ano. A propósito deste investimento, a produtora de materiais para baterias refere que as empresas chinesas estão a evitar investimentos na Europa e nos EUA devido a tensões geopolíticas e longas esperas por licenças.
Ao Financial Times, Thorsten Lahrs, director executivo da CNGR Europe, afirmou que Marrocos está no “ponto ideal” para os produtores chineses que ambicionam abastecer os mercados europeu e norte-americano, uma vez que, nesta geografia, as infraestruturas podem ser construídas mais rapidamente do que em mercados-alvo, e fornecer outros mercados no futuro, caso a Europa ou os EUA introduzam novas políticas protecionistas.
Recentemente, também a sul-coreana LG Chem e a chinesa Huayou Cobalt anunciaram que irão construir uma refinaria de lítio e uma fábrica de materiais catódicos em Marrocos. Este país beneficia de um acordo de comércio livre com os EUA e as suas matérias-primas contam para as metas de abastecimento exigidas para que os veículos elétricos vendidos ao norte da América recebam subsídios até 7.500 dólares, ao abrigo da Lei da Redução da Inflação.
Por sua vez, Marrocos também tem relações comerciais sólidas com a Europa, uma vez que possui 70% das reservas mundiais de fosfato, uma matéria-prima essencial para baterias mais baratas e de menor alcance, nas quais a China domina a produção mundial.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, critica a concorrência de “atores estrangeiros fortemente subsidiados” na União Europeia, numa alusão aos carros elétricos chineses vendidos mais baratos que os europeus, prometendo acabar com “práticas desleais”. Já nos EUA, o Congresso está a analisar uma proposta da Ford para licenciar tecnologia da chinesa CATL, o maior produtor de baterias do mundo, para uma fábrica no estado do Michigan.