Vive-se um clima de grande instabilidade no setor do transporte marítimo. Está em vias de uma guerra de preços entre os grandes armadores internacionais devido ao excesso de capacidade, à queda no frete e à estagnação da demanda, alerta Vincent Clerc, CEO da Maersk. Em resultado destes desafios, a multinacional já despediu 6.500 trabalhadores devido ao “difícil ambiente” que se vive no comércio internacional de contentores e serviços de logística.

“Se analisarmos a evolução dos fretes desde o ano passado, vemos que baixaram muito, e isto deve-se ao facto de as companhias de navegação se estarem a prejudicar mutuamente baixando os preços porque não há carga para encher os navios”, afirma o CEO.

Acrescenta ainda que há muitos navios a entrar em serviço e não há expectativas para que a quantidade de procura preencha os novos navios. “É bem possível que entremos num mercado onde há excesso de oferta de transportadores de contentores por dois ou três anos. Se a queda drástica no frete se mantiver, a situação pode levar a uma guerra de preços”, estima Vincent Clerc.

De acordo com o El Mercantil, a própria Maersk foi forçada a baixar os preços. Segundo o relatório do terceiro trimestre, o armador transportou mais 5% de contentores de 40 pés, em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo 3,16 milhões.

Neste contexto de instabilidade económica, como forma de redução de custos, a Maersk optou pelo despedimento de 10.000 trabalhadores, dos quais já despediu 6.500. A empresa esclareceu à Lusa que esta decisão surge do “difícil ambiente” que se vive no comércio internacional de contentores e serviços de logística. Ainda assim, afirma que “o impacto é na nossa organização global e não dividimos isso em números para cada um dos mais de 100 países em que estamos presentes, mas posso dizer que o nosso negócio de terminais APM, em geral, não é afetado”.

Esta medida traduz-se numa poupança avaliada em 600 milhões de dólares (cerca de 564 milhões de euros), em 2024.