Num contexto de crescente incerteza nas cadeias de abastecimento globais, devido aos desvios de navios de carga ao redor do sul da África, a Procurement Leaders avaliou a situação decorrente da crise no Mar Vermelho. Os ataques a embarcações na região levaram algumas das principais empresas de navegação do mundo, como a Maersk, Evergreen e Hapag-Lloyd, a redirecionar os seus transportadores, resultando em atrasos nos envios e possíveis aumentos nos preços do petróleo.
A escalada do conflito entre o Hamas e Israel desde outubro desencadeou confrontos nos céus sobre o Mar Vermelho. Navios da Marinha dos EUA interceptaram projéteis disparados pela milícia rebelde Houthi do Iémen em direção a Israel, levando os Houthis a atacar navios no estreito de Bab al-Mandab, uma rota vital para o Canal de Suez. Em resposta, grandes empresas de navegação foram forçadas a desviar parte de suas operações ao redor do Cabo da Boa Esperança, evitando completamente o Canal de Suez.
O Canal de Suez, uma das rotas de navegação mais movimentadas do mundo, com 12% do comércio global e mais de nove milhões de barris de petróleo diários, enfrenta sérias consequências com o bloqueio. Ryan Petersen, CEO da FlexPort, destacou que quase um quarto de todos os navios porta-contêineres foram desviados, enquanto Vincent Clerk, CEO da Maersk, alertou que estes podem resultar em atrasos de “dois a quatro semanas”, impactando a chegada de mercadorias e aumentando os custos de transporte.
Além disso, a crise no Mar Vermelho está a provocar um aumento nos preços do petróleo, com o Brent Crude ultrapassando os 80 dólares por barril, uma elevação de 1,1%. Embora represente turbulência a curto prazo, os preços ainda estão abaixo dos picos registados em setembro. Analistas, como Ole Hansen, do Saxo Bank, afirmam que, desde que a produção não seja ameaçada, o mercado ajustar-se-á às mudanças nas rotas de abastecimento.
Perante este cenário, a área de compras é instada a agir com proatividade. Para isso é necessário:
Compreender o impacto
Acompanhar de forma proativa os envios para saber quais os materiais que podem sofrer atrasos, e trabalhar em equipa com os colegas para determinar qual o impacto nas operações, e se os planos internos precisam de ser repensados.
Manter a comunicação
Permanecer em contacto com os fornecedores para acompanhar os envios e assegurar a resiliência do fornecimento, ou mantendo os stakeholders atualizados sobre eventuais atrasos. Garantir um fluxo constante de informação é fundamental para lidar com interrupções na cadeia de abastecimento.
Ter uma visão abrangente
Mesmo que a cadeia de abastecimento não passe pelo Canal do Suez, importa considerar os possíveis impactos mais amplos da crise, especialmente se não for resolvida brevemente, desde o aumento da inflação devido à escassez e custos de combustível, ou uma escalada de conflitos no Médio Oriente.