Os Estados Unidos, juntamente com o Reino Unido e os seus aliados, realizaram ataques aéreos contra posições e infra-estruturas dos Houthi no Iémen. Esta retaliação ocorreu após semanas de avisos aos rebeldes Houthi para porem fim aos ataques a navios comerciais no Mar Vermelho e nas suas proximidades. Os ataques em causa, como temos vindo a noticiar, têm tido grande impacto no comércio marítimo internacional, originando atrasos, interrupções e subidas de preços.
Mais de uma dúzia de instalações dos rebeldes Houthi no Iémen foram bombardeadas e, no total, mais de 60 alvos foram visados como parte do contra-ataque. O presidente Biden, falando em Washington, sublinhou que os Estados Unidos da América “não vão tolerar” os ataques. Durante semanas, muitas nações avisaram que, se os ataques dos rebeldes Houthi não parassem, haveria retaliação.
Os rebeldes Houthi, embora baseados no Iémen, são aliados do Irão. Os Estados Unidos e os aliados, apesar de todas as perturbações na navegação e no comércio marítimo global, estavam céticos quanto a um contra-ataque porque não queriam arriscar inflamar as tensões no Médio Oriente e em todo o mundo. Agora, com a navegação completamente interrompida, não havia outra escolha.
Em consequência dos ataques dos Houthi, os principais armadores deixaram de percorrer as rotas normais, através do Mar Vermelho e do Canal do Suez, e passaram a utilizar a rota secular, contornando o Cabo de África, o que implica um tempo de trânsito adicional de duas semanas.
Os países que participaram no contra-ataque afirmaram repetidamente que, se ocorrerem novos ataques, reservam-se o direito de efetuar novos ataques aéreos. O Irão prometeu retaliar. Será um período volátil durante os próximos dias. Se os ataques não forem completamente reprimidos durante as próximas semanas, as companhias de navegação poderão optar por continuar a rota mais longa. Se as medidas de segurança forem bem sucedidas, as companhias de navegação poderão retomar as habituais rotas, o que se traduz em prazos de entrega mais curtos, o que trará algum alívio à tensão que paira mais uma vez sobre as cadeias de abastecimento globais e sobre o preço dos fretes.
Tesla e Volvo Car interrompem produção
Mas as águas continuam muito agitadas para o transporte marítimo internacional e a atual situação pode tornar-se na maior agitação a que as cadeias de abastecimento estão sujeitas depois da pandemia, assombrando a recuperação económica global, enquanto os preços mais altos dos fretes e do petróleo podem reacender a inflação. O canal é responsável por cerca de 12% do tráfego global de mercadorias contentorizadas.
No final de quinta-feira, dia 11 de janeiro, a Tesla disse à Reuters que suspenderá a maior parte da produção de carros na sua fábrica perto de Berlim de 29 de janeiro a 11 de fevereiro, apontando a falta de componentes depois de muitos navios terem visto as suas rotas serem redirecionadas.
“Os conflitos armados no Mar Vermelho e as mudanças associadas nas rotas de transporte entre a Europa e a Ásia, através do Cabo da Boa Esperança, estão a ter impacto sobre a produção em Gruenheide”, avançou a fabricante em comunicado. “Os tempos de transporte consideravelmente mais longos estão a criar lacunas nas cadeias de fornecimento.”
A empresa não informou, contudo, quais os componentes que estão a demorar a chegar à fábrica onde são montados os veículos elétricos para venda na Europa.
Entretanto, também a Volvo Car, propriedade maioritária da chinesa Geely, disse que interromperá a produção na unidade de Gent, Bélgica, três dias desta semana devido a um atraso na entrega de caixas de mudanças.