Entre o final do mês de janeiro e início do mês de fevereiro do corrente ano, e sem qualquer previsão, assistimos a uma mobilização em grande escala do setor primário: o bloqueio dos tratores dos agricultores no trânsito rodoviário.
O grande movimento iniciou-se em França, alastrando-se mais tarde noutros países da Europa, incluindo Portugal.
Durante os protestos, os agricultores reivindicavam, entre outros, que não estavam a ser subsidiados o necessário para manter sustentável a sua atividade, além de existir uma burocracia excessiva no que diz respeito à proteção ambiental.
A agricultura é um setor fundamental no abastecimento das necessidades básicas, sendo que o fornecimento ao consumidor final não esteve colocado em causa. Ademais, o maior problema consistia nos preços baixos a que estão sujeitos a vender os seus produtos, dado que os preços regulados não cobrem os custos de produção. Tudo isto ocorre quando os grandes distribuidores conseguem impor preços baixos a uma enorme quantidade de pequenos e médios agricultores. Simultaneamente estes mesmos produtos são vendidos ao consumidor final cada vez mais caros, ou seja, a margem de lucro fica em grande maioria nos revendedores e cadeias de supermercados.
Assistimos a paralisações diárias nas principais vias de circulação incluindo também no acesso às diversas fronteiras, impossibilitando o fluxo normal do tráfego rodoviário. Os impactos na cadeia de abastecimento foram diários, uma vez que todos os transit time tinham, e têm, de ser cumpridos, implicando, deste modo, a procura dos diversos pontos críticos nas vias de trânsito e, posteriormente, a tomada de decisão para o desvio através de rotas alternativas.
Seguindo esta ordem de ideias, o acompanhamento on time dos meios em circulação, através de diversas plataformas de GPS tornou-se ainda mais monitorizado de modo a mitigar o impacto que este fenómeno causou. Em consequência, a comunicação entre os vários elos da cadeia tornou-se imprescindível.
Atendendo a esta paralisação e promessa por parte dos agricultores em manter o protesto, as entidades governamentais foram forçadas a anunciar medidas de apoio, como a redução dos encargos administrativos, incentivos monetários para a cobertura de perdas resultante da seca e a redução do ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos) do gasóleo agrícola.
Em suma, esta mobilização demonstrou que a agricultura é inteiramente imprescindível e estratégica, sendo que devem ser dadas as devidas condições para o seu incentivo e desenvolvimento.
Fábio Magalhães, Gestor de Tráfego | TJA – Transportes J. Amaral SA