O setor de supply chain  e logística apresenta-se “bastante competitivo e dinâmico”, o que se reflete em salários competitivos, para “atrair e manter os melhores profissionais”. Esta é a análise do mais recente guia salarial especializado da Adecco.

Assim, no “Guia Salarial da área de recrutamento especializado, para os setores de Indústria e Supply Chain & Logistics para 2024”, a empresa de recursos humanos concretiza que as funções com melhores salários são as de supply chain manager, com remunerações anuais entre os 32 mil e os 56 mil euros em Lisboa e entre os 30.800 e 49 mil euros no Porto.  Seguem-se as de responsável de compras, com salários que osculam entre os 28 mil e os 55 mil euros em Lisboa e os 28 mil e 52 mil no Porto.

No outro extremo da escala salarial, as remunerações mais baixas são as de responsável de logística, com 28 mil a 42 mil euros em Lisboa e 26.600 a 39.200 no Porto; e as de comprador, com um vencimento que, em Lisboa, vai dos 21 mil aos 36 mil euros e no Porto integra um intervalo de 19,500 a 35 mil euros.

De acordo com a Adecco, este estudo foi desenvolvido no contexto dos desafios vividos em 2023, nomeadamente a inflação elevada, a crise energética mundial e as políticas restritivas dos bancos centrais. São fatores que têm contribuído para uma desaceleração do crescimento económico global, prevendo-se uma redução de 3,5% em 2022 para 3% em 2023 e 2024. E, neste cenário, “as empresas enfrentam dificuldades significativas na atração e fidelização de talentos, exigindo estratégias robustas para superar esses obstáculos”.

O guia identifica cinco tendências, colocando em primeiro lugar um “défice de competências persistente”,  com 38,5% dos candidatos a acreditarem que os empregadores têm requisitos irrealistas, enquanto seis em cada dez trabalhadores precisarão de uma atualização de competências até 2027. Segue-se a “dimensão da great resignation”,  com 26% dos trabalhadores a indicarem que pretendem mudar de emprego até junho de 2024, sublinhando a necessidade de melhores estratégias de retenção de talentos.

Uma tendência que se mantém prende-se com o trabalho híbrido,  em que se encontrava, no final de 2023, 39% dos profissionais, refletindo a procura por um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. O fenómeno do ghosting também se destaca, com 62% dos trabalhadores a relatar ter sido alvo deste comportamento por parte dos empregadores e 25% dos candidatos a emprego a admitir ter feito o mesmo. Por fim, observa-se um crescimento do unretirement, com mais pessoas entre os 50 e os 64 anos a regressar ao mercado de trabalho, impulsionadas pela escassez de mão de obra e pela inflação.

Em resposta a este panorama, a Adecco sugere estratégias para criar uma base de colaboradores orientados para o futuro, sendo crucial destacar as competências, especialmente digitais e comportamentais, com 53% dos trabalhadores a afirmar que a sua função exige formação especializada. Manter uma comunicação aberta e regular com candidatos e colaboradores é também fundamental para a fidelização de talentos, assim como a aceitação do trabalho flexível. Por último, considera que  é essencial acolher colaboradores mais seniores, proporcionando formação adequada e oportunidades de desenvolvimento de competências, aproveitando a vasta experiência e enriquecendo a força de trabalho com diversas perspetivas.