Portugal está cada vez mais afastado da média europeia no que toca aos prazos de pagamento, já que apenas 18,1% das empresas os cumpre. A análise é da 9.ª edição do estudo sobre comportamentos de pagamento das empresas, realizado pela Informa D&B, com base em dados de maio último.
No total, está em causa uma dívida agregada de cerca de 68,2 milhões de euros. De referir que dois terços das empresas pagam aos fornecedores com atrasos até 30 dias e em 5,5% dos casos os atrasos ultrapassam os 90 dias.
Acresce que a média de dias de atraso tem vindo a escalar desde 2021. Depois de ter atingido um pico de 27,1 dias no final de 2020, caiu durante a pandemia, atingindo oos 21,9 dias nos finais de 2022. No entanto, entretanto voltou a crescer, atingindo, no final de maio deste ano, os 23,1 dias.
A percentagem de cumprimento é maior entre as microempresas (21,6%), diminuindo em proporção inversa à dimensão, até que, nas chamadas grandes empresas, apenas 3,7% cumpre os prazos acordados com os fornecedores. No entanto, é também nas microempresas que está a maior percentagem de empresas com grandes atrasos, assim como é maior o número médio de dias de atraso.
Estes dados colocam Portugal entre os países onde menos empresas cumpre os prazos de pagamento. A Informa D&B nota que, nos países analisados na última edição do “Payment Study”, elaborado com dados de 2023 pela CRIBIS D&B, a Dinamarca (94,2%), a Polónia (82,7%) e a Nova Zelândia 81,4%) eram os países com maior percentagem de empresas cumpridoras. Portugal, o Egito e a Roménia estavam na outra ponta.
A consultora destaca, ainda que, “no contexto europeu, a Diretiva Europeia de Pagamentos, introduzida em 2013, parece ter tido efeito na maior parte dos países, ao contrário do que aconteceu em Portugal”. E indica que a percentagem de empresas nacionais que cumpre os prazos de pagamento está a afastar-se dos números registados na Europa. Assim, no final de 2023, 47,7% dos países europeus monitorizados pela CRIBIS D&B pagavam dentro dos prazos, uma percentagem que era de 19,2% em Portugal. Esta é a maior diferença dos últimos anos, pois, em 2009, situou-se nos 14 pontos percentuais e, em 2015, era de 17pp.
Comentando estes resultados, a diretora-geral da Informa D&B, Teresa Cardoso de Menezes, afirma, em comunicado, que “o comportamento de pagamento das empresas em Portugal terá necessariamente de melhorar e tem, infelizmente, uma enorme margem para o fazer”. “O cumprimento dos prazos acordados com os fornecedores é um dos fatores considerados nas práticas ESG das empresas. Ora, estas práticas terão um peso cada vez maior na avaliação das empresas, com consequências na sua reputação, no acesso a parcerias com outras empresas ou a financiamento e, portanto, na sua capacidade de crescimento”, enquadra.