No passado dia 22 de julho teve início a operação da primeira autoestrada ferroviária em Espanha, entre o Porto de Valência e Madrid. Este investimento resulta de uma parceria público-privada que envolve vários intervenientes, entre os quais a Tramesa, que adquiriu vagões específicos e está a construir um pórtico no Porto de Valência; e a Trans Itália, que adquiriu semirreboques P400.

O Ministério dos Transportes espanhol considera que este é o início de um ambicioso programa de desenvolvimento das estradas ferroviárias na Península Ibérica, segundo avançou a revista Actu Transport Logistique.

A Autoridade Portuária de Valência (APV) e a ADIF, empresa pública espanhola responsável pela administração das infraestruturas ferroviárias, realizaram várias melhorias das infraestruturas, com um investimento total de 20 milhões de euros, tendo beneficiado de fundos europeus no âmbito do programa de recuperação NextGenerationEU.

Através da ferroviária Medway, serão feitas quatro saídas semanais, após o período de pouca movimentação de agosto. Cada comboio terá a capacidade para transportar 40 semirreboques em 20 vagões, retirando 10.000 veículos da estrada todos os anos, o que levará a uma poupança de 16.000 toneladas de CO2 por ano.

Uma parte importante do projeto é a intermodalidade, através da sua ligação ao transporte marítimo. Anualmente, a Trans Itália gere cerca de 70.000 camiões por ano em território espanhol, com origem/destino a Itália e Grécia. Durante a cerimónia inaugural da linha, Luigi D’Auria, diretor-geral da Trans Itália, reconheceu a multimodalidade do projeto e o suporte que dará às ligações da empresa com estes destinos.

Os promotores do projeto indicaram a intenção de expandir esta autoestrada ferroviária até Lisboa, criando assim um eixo transversal na Península Ibérica, porém, não foi anunciada qualquer data de lançamento para esta expansão.

O Ministério dos Transportes indicou que a inauguração da linha ferroviária Valência-Madrid é a primeira componente de um vasto programa de desenvolvimento das autoestradas ferroviárias em Espanha.

A ADIF apontou uma lista de 18 potenciais projetos, sendo o mais importante o da linha Algeciras-Madrid-Saragoça, num trajeto de 1.074 quilómetros, com o objetivo de reduzir a quantidade de camiões provenientes de Marrocos através do Estreito de Gibraltar.

A fonte também avançou que a adaptação da linha, para ter em conta as dimensões específicas dos comboios, exige adaptações significativas, o que entre mudanças em túneis, modernização da sinalização, eletrificação, etc, perfaz 174 projetos, num investimento estimado em mais de 468 milhões de euros.

A ADIF já lançou os primeiros concursos, mas ainda não há data de início do projeto.