A rápida expansão do comércio eletrónico influenciou profundamente o mundo do retalho ao exigir uma evolução equivalente nos sistemas logísticos e de entrega. Central para essa transformação é a otimização das entregas de última milha. Embora este setor tenha demonstrado um crescimento e inovação notáveis, também apresenta desafios ambientais significativos. Vamos mergulhar no futuro da logística do e-commerce, explorar soluções inovadoras de entregas de última milha, avaliar os seus potenciais impactos ambientais e sugestões para os mitigar.

O cenário da logística de e-commerce está em constante evolução, impulsionado pelas mudanças nos comportamentos dos consumidores e pelos avanços tecnológicos. Os consumidores agora exigem entregas mais rápidas, confiáveis e económicas, o que obriga as empresas a inovar e melhorar as suas estruturas logísticas. A integração de tecnologias como inteligência artificial (IA), machine learning e Internet das Coisas (IoT) aumentou a eficiência dessas operações logísticas, otimizando o planeamento de rotas, a gestão de stocks e os prazos de entrega.

Com o crescimento exponencial do comércio eletrónico, a entrega de última milha tornou-se um componente crítico e diferenciador no campo da logística. Esta fase, responsável por concluir o percurso do produto até ao consumidor final, enfrenta desafios constantes de eficiência e sustentabilidade. Posto isto, inovações tecnológicas e operacionais têm sido desenvolvidas para otimizar esta etapa, procurando não apenas acelerar as entregas, mas também reduzir o seu impacto ambiental.

1. Veículos de entrega autónomos: As empresas estão a testar drones e veículos autónomos para entregar pacotes. Esses veículos podem potencialmente reduzir os prazos de entrega e as emissões de carbono, minimizando a dependência de frotas de entrega convencionais e dependentes de combustível.

2. Veículos elétricos (EVs): A adoção de vans e scooters elétricas está a aumentar, particularmente em áreas urbanas onde as rotas de entrega são mais curtas e a infraestrutura de carregamento é mais acessível. Os veículos elétricos oferecem uma redução significativa nas emissões de gases com efeito de estufa em comparação com os motores de combustão tradicionais.

3. Micro-Fulfillment Centers: São pequenos armazéns, que podem ser automatizados, localizados em áreas urbanas, que permitem o atendimento rápido e eficiente de pedidos. Ao situar o stock mais perto dos consumidores, estes centros reduzem a distância percorrida para as entregas, diminuindo assim as emissões de carbono.

4. Entrega Crowdsourced: Esta abordagem utiliza uma rede de entregadores locais que entregam pacotes utilizando os seus veículos, muitas vezes integrando as entregas com as suas viagens pendulares. Este método pode reduzir o número de veículos especificamente dedicados a tarefas de entrega, reduzindo as emissões globais dos veículos.

O impacto ambiental destas inovações não é de simples análise. Por um lado, tecnologias como os veículos elétricos e os veículos autónomos podem reduzir significativamente as emissões por entrega. Os Micro-Fulfillment Centers também podem contribuir para a redução de emissões, encurtando as rotas de entrega. No entanto, a pegada ambiental global é influenciada por vários fatores:

1. Maior frequência de entrega: À medida que o comércio eletrónico cresce, o volume de entregas aumenta, o que pode levar a mais veículos na estrada e a emissões totais mais elevadas, mesmo que os veículos individuais sejam mais limpos.

2. Resíduos de embalagens: O comércio eletrónico exige normalmente um elevado número de embalagens, que contribuem para os resíduos e a degradação ambiental se não forem corretamente geridos. Os esforços para reduzir as embalagens e utilizar materiais amigos do ambiente são cruciais.

3. Consumo de energia: O benefício ambiental dos veículos elétricos e autónomos depende significativamente da forma como a eletricidade é gerada. Se a energia vier de combustíveis fósseis, os benefícios podem ser anulados. Assim, a sustentabilidade dessas tecnologias está interligada com políticas energéticas mais amplas e adoção de energias renováveis.

Assim, torna-se imperativo implementar estratégias eficazes de mitigação. Estas estratégias são essenciais para reduzir a pegada ecológica, promover a sustentabilidade e garantir a viabilidade a longo prazo deste setor. Neste contexto, diversas abordagens podem ser adotadas, desde o uso de tecnologias verdes até à transformação dos processos operacionais e o envolvimento ativo dos consumidores.

1. Soluções de Embalagens Sustentáveis: Investir em embalagens biodegradáveis, recicláveis ou reutilizáveis pode reduzir significativamente os resíduos.

2. Sistemas Tecnológicos Integrados: Otimizar rotas de entrega e aumentar a logística colaborativa através da análise de dados e IoT pode ajudar a reduzir viagens desnecessárias e emissões.

3. Energias Renováveis: Investir em fontes de energia renováveis para armazéns e infraestruturas de carregamento é vital para frotas de entrega elétrica.

4. Envolvimento do Consumidor: Educar os consumidores sobre os impactos ambientais de suas escolhas de entrega e oferecer opções mais sustentáveis pode contribuir para uma pegada de carbono reduzida.

O futuro da logística de e-commerce e do last-mile delivery tem um enorme potencial de inovação e eficiência. Embora estes avanços ofereçam oportunidades significativas para reduzir os impactos ambientais, eles também representam desafios que exigem uma gestão cuidadosa. Ao adotar práticas sustentáveis, alavancar a tecnologia e envolver os consumidores em iniciativas ecologicamente corretas, o setor da logística do e-commerce pode mitigar impactos ambientais adversos e liderar o caminho para um futuro mais sustentável.

Pedro Ferreira Queimado, Consultor de Logística e Operações