Miguel Ângelo Santos é o novo diretor comercial da Noega Systems. Um cargo que assume, como declarou à Supply Chain Magazine, com a ambição de contribuir para que a empresa ascenda à liderança do mercado, “aportando novas e melhores soluções que possam fazer a diferença no mundo da automação”.

A propósito deste desafio, recorda que desde 2012 que está ligado ao mundo da logística e da intralogística, por força das funções que tem desempenhado, primeiro na storax (então pertencente ao grupo Ramada), enquanto diretor comercial e responsável pelos muitos mercados onde a empresa atuava, com especial enfoque na Península Ibérica, no Centro da Europa, nos Estados Unidos e nos de África. Em 2018, a storax foi adquirida por um grupo belga, stow, que, dois anos depois, lhe atribuiu apenas a direção comercial da região sul da Europa e alguns mercados onde não tinha representação. “Esta alteração de 2020 trouxe-me menos mercado e, acima de tudo, um mercado muito competitivo, o do sul da Europa, e com menor número de oportunidades”, recorda.

“Após a pandemia, a crescente procura do mercado por soluções automáticas e autoportantes abriu o apetite para voltar a olhar para a Europa e para o resto do mundo, com a certeza de que poderia aportar mais e melhor a estes mercados”, conta, a propósito do que o levou a incorporar-se na Noega Systems, empresa de engenharia especializada em estruturas metálicas e racks para armazéns automáticos, autoportantes e interiores de nave e que se “dedica a estabelecer parcerias estáveis e duradouras com os mais diversos integradores, nos quatro cantos do mundo”.  “Obviamente que foi um desafio muito aliciante e que aceitei”, comenta.

É esta a empresa em que assumiu, entretanto, a direção comercial, com a vontade de contribuir para a expansão da rede de contactos e de parcerias efetivas, reforçando equipas comerciais e dinamizando novos mercados.  A empresa – enquadra – tem nos seus quadros mais de 70 pessoas, na sua grande maioria engenheiros de formação e especialistas em cálculo estrutural, que, juntamente com uma equipa dedicada de project managers e supevisores, “leva a cabo obras de grande envergadura em qualquer parte do mundo”.

“Encontrar projetos de grande dimensão é a minha primeira prioridade e estar na primeira linha de preferência dos muitos integradores, nossos habituais clientes. Dar continuidade aos armazéns automáticos de interior de nave será também uma das prioridades. Paralelamente a este expectável crescimento, pretendemos ser líderes de mercado, aportando novas e melhores soluções que possam fazer a diferença no mundo da automação e dos nossos clientes integradores”, sublinha.

Na ótica de Miguel Ângelo Santos, Portugal e Espanha, “apesar do menor poder aquisitivo das empresas”, apresentam uma nova  postura perante a automação e, naturalmente, existem muitas empresas que estão em permanente procura da melhoria dos seus processos. “É verdade que em Portugal há menos oportunidades, mas existem integradores de referência de capital estrangeiro, que têm as suas unidades de produção e engenharia aqui localizadas e que exportam muitos milhões de euros todos os anos”, realça, considerando que a “notória apetência dos portugueses para serem inovadores e engenhosos tem dado frutos”.

Acredita, pois, que a boa relação com estes integradores locais, fruto das suas experiências anteriores, “potenciará o necessário entendimento entre o fornecedor do rack e o integrador que, por acaso, é um português a trabalhar para uma empresa espanhola das Astúrias”. “Relativamente aos mercados externos, voltarei a utilizar a minha rede de contactos, das pessoas que comigo sempre mantiveram contactos pessoais, ainda que profissionalmente eu estivesse afastado desses mercados. Naturalmente que a capacidade e a competitividade da Noega Systems farão o resto”, acrescenta.

Num olhar sobre o setor da logística, o profissional sustenta quem do ponto de vista do mercado ibérico, existem “oportunidades interessantes” nos mais diversos setores industriais e no comércio a retalho, dando continuidade à automação de armazéns de paletes. Nota, todavia, que “as empresas olham com grande expectativa para o e-commerce, mas não investem em estruturas que lhes permitam dar ao mercado serviços de qualidade e quantidade e que possam traduzir-se em notoriedade e crescimento”. Em sua opinião, “uma estratégia global precisa-se”: “Temos marcas portugueses muito bem sucedidas no e-commerce (poucas é verdade…), mas sem uma operação logística adequada.”

No que se refere especificamente ao core business da Noega Systems, o diretor comercial destaca que a empresa tem sido capaz de transformar numa oportunidade de diferenciação o que poderia ser uma barreira decorrente da constante atualização das normas e das recomendações de referência do setor dos racks. “O facto de a Noega Systems ser capaz internamente de analisar todos os materiais produzidos e adquiridos, em virtude do seu excelente laboratório de análise de estruturas, permitiu a nossa rápida adaptação aos critérios das novas normas e às especificidades de alguns mercados, nomeadamente ao mercado italiano, ao alemão e ao da América do Norte”, afirma.

O “segredo” do setor das estruturas metálicas é – declara – encontrar a menor relação de toneladas de aço, para uma determinada função, garantindo o respeito pelos imperativos normativos e de segurança. “Essa é de facto a mais-valia da Noega Sytems e do seu vasto corpo de engenharia”, refere.

Relativamente à automação, Miguel Ângelo Santos entende que se vive uma fase muito interessante: “Se até ao final da década de 90 a automação era sinónimo de transelevadores e RGV (rail guided vehicles) /AGV (automated guided vehicles), pesados, caros e energeticamente ineficientes, com o virar do século a introdução dos shuttles e dos robots autónomos veio trazer muita flexibilidade à automação. Nos últimos dez anos, o número de variantes de shuttles, para caixas, para paletes, para contentores, sofreu um boom inesperado. No apoio às tarefas de picking, os AMR (autonomous mobile robots) trouxeram uma nova oportunidade para empresas como a Noega Systems, permitindo-nos voltar a colocar no mercado as estantes ligeiras, utilizadas numa lógica de ‘goods to person’ (g2p).”

Acrescenta, neste contexto, que “o exemplo dos gigantes do e-commerce foi amplamente aceite pelos mercados e muitas empresas seguiram o seu exemplo, gerando uma dinâmica muito acelerada no mercado de e-commerce”. Assim, “para dar resposta a este exigente cliente de e-commerce, que espera receber a sua encomenda se possível no próprio dia, a automação torna-se essencial e indispensável”: “A diminuição da SKU (stock keeping unit) será a tendência dos próximos anos e multiplicar-se-ão o número de novas soluções de robots, capazes de automatizar e acelerar ainda mais as tarefas de picking. Tendencialmente, o mercado vai querer soluções mistas de armazenagem, recorrendo a buffers de paletes (shutlles) e soluções de caixa para picking (g2p). Esta lógica criará a necessidade de maior flexibilidade e sustentabilidade dos sistemas e um decréscimo das soluções tradicionais de transelevedor”, conclui.