A China aconselhou os seus fabricantes de automóveis a garantir que a tecnologia avançada de veículos elétricos permaneça no país, mesmo quando constroem fábricas em todo o mundo, para escapar às tarifas punitivas sobre as exportações chinesas.

 

Pequim está a encorajar os fabricantes de automóveis chineses a exportar os chamados “kits knock-down” para as suas fábricas estrangeiras, o que significa que as peças-chave de um veículo seriam produzidas internamente e depois enviadas para montagem final no seu mercado de destino, segundo disseram pessoas familiarizadas com o assunto à Supply Chain Brain. As instruções surgem numa altura em que empresas como a BYD Co. e a Chery Automobile Co. planeiam construir fábricas em Espanha, Tailândia e Hungria, à medida que os seus veículos elétricos se tornam cada vez mais populares nos mercados estrangeiros.

Além disso, os fabricantes de automóveis que pretendam investir na Turquia devem notificar previamente o Ministério da Indústria e das Tecnologias de Informação, que supervisiona a indústria de veículos elétricos da China, e a embaixada chinesa local na Turquia. A diretiva da China surge numa altura em que a maioria dos principais fabricantes de automóveis chineses procura relocalizar o fabrico, de modo a evitar tarifas sobre os veículos elétricos produzidos na China. As diretrizes do MOFCOM que exigem que a produção-chave permaneça na China podem prejudicar os esforços dos fabricantes de automóveis para se globalizarem, à medida que procuram novos clientes para compensar a concorrência feroz e as vendas lentas em casa, que estão a reduzir os seus resultados.

A decisão poderá também ser um golpe para os países europeus que pretendem atrair os construtores automóveis chineses na esperança de que a sua presença traga emprego e um impulso económico local. A BYD está a planear construir uma fábrica na Turquia, por exemplo, que deverá ter uma capacidade anual de 150.000 carros e empregar até 5.000 pessoas. Durante a reunião, o MOFCOM observou que os países que convidam os fabricantes de automóveis chineses a construir fábricas são normalmente aqueles que decretam ou consideram barreiras comerciais contra os veículos chineses. Segundo os responsáveis, os fabricantes não devem seguir cegamente as tendências nem acreditar nos apelos ao investimento dos governos estrangeiros. Várias empresas chinesas já começaram a abrir fábricas na União Europeia para evitar os direitos aduaneiros.

Contudo, Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo da Comissão Europeia, alertou recentemente para o facto de que tais iniciativas só funcionariam se as empresas cumprissem os requisitos das regras de origem, que ditam um nível mínimo de valor a ser criado na UE: “Quanto do valor acrescentado vai ser criado na UE, quanto do know-how vai estar na UE? Será apenas uma fábrica de montagem ou uma fábrica de automóveis? É uma diferença substancial”, como lembrou  Dombrovskis, em declarações ao Financial Times no mês passado.