No passado dia 11 de setembro decorreu o evento Sustentabilidade na Supply Chain, organizado pela Supply Chain Magazine e pelo ECO, no Auditório Auchan Retail, em Paço de Arcos. Durante a manhã de conferências, muitos foram os temas abordados ao longo da cadeia de abastecimento, e os processos de procurement não ficaram de fora.
Embora esta temática tenha tido algum foco ao longo da manhã, teve direito a um maior destaque mais perto do final, durante das apresentações da Efficio, da GS1 Portugal e da BCSD Portugal.
Sob o tema “How to reduce carbon emissions in the Supply Chain – an example from the Pharma industry”, Wolfgang Rueth, head of Efficio Hub Portugal, e Viola Walther, senior manager, da Efficio Consulting, apresentaram algumas oportunidades que surgiram para o procurement sustentável. Segundo os responsáveis, a cadeia de abastecimento é responsável por entre 40 e 80% do total das emissões carbónicas das empresas, sendo que a maioria destas está no scope 3.
Um dos temas abordados foi a Science-based targets initiative (SBTi), que tem como objetivo mobilizar o setor privado na ação climática, apoiando o estabelecimento de metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) alinhadas com a ciência (SBT).
Os profissionais apontaram ainda alguns desafios habituais que as empresas enfrentam, como o cálculo das emissões do scope 3 das empresas ou a criação de uma visão dinâmica da base de fornecedores, devido à falta de dados, processos manuais ou à dependência de inputs externos. Neste sentido, deixaram recomendações de como estabelecer objetivos e definir estratégias, ou de como separar os fornecedores por clusters de importância e maturidade de modo a criar uma estratégia diferente para cada um.
Nesse mesmo sentido, Marta Résio, gestora de comunicação da GS1 Portugal, abordou o tema “A importância do cálculo da pegada de carbono na medição da sustentabilidade / impacto das cadeias de valor”, momento em que destacou a importância de as empresas conseguirem ter uma visibilidade mais completa das suas cadeias de abastecimento, em especial do seu scope 3. Essa foi uma ótica que a organização compreendeu e desenvolveu, apoiando as empresas na gestão das emissões da sua cadeia, ou fazendo o cálculo das suas pegadas de carbono, entre outras medidas de sustentabilidade.
Destacando a apresentação anterior, reforça a importância de acompanhar as emissões desde o início da sua jornada, e da cooperação com empresas que ainda estão no início da sua transição carbónica.
“Lamentavelmente, muitas das organizações em Portugal, nossas parceiras, e sobretudo empresas maiores, não começaram ainda adequadamente esta jornada. Ainda há muito trabalho a ser feito”, afirmou Marta Résio, reforçando que “aquilo que não se mede, não se pode gerir”.
A terminar o dia, Filipa Pantaleão, secretária-geral do BCSD Portugal, organização sem fins lucrativos com a missão de apoiar as empresas ao nível da sustentabilidade, falou sobre economia circular e cadeia de valor. Começou por esclarecer que, por ser a favor da sustentabilidade, não é contra o plástico, afirmando que ele é essencial nas nossas vidas, “mas tem de ser reincorporado na cadeia de valor, tem de ser pensado desde a sua origem e com o seu propósito, e com o mindset de termos de saber que vai voltar a integrar como um novo produto”.
O foco da apresentação foi a rastreabilidade, um tema para o qual as empresas ainda não estão preparadas, mas que começa a ser cada vez mais legislado, através de regulamentações como o Regulamento de Produtos Sustentáveis ou o Passaporte Digital de Produtos, e as vantagens que este controlo trouxe para as operações, ao nível da eficiência dos processos, redução da pegada ambiental, circularidade do produto, entre outras.
Filipa Pantaleão começa por destacar que tudo começou no código de barras, que foi responsável pela identificação do produto, e que através da modernização tecnológica tornou possível seguir um produto ao longo da cadeia de valor. “Se nós pensarmos que quanto maior o valor relacionado com uma matéria-prima, maior ele vai ser acompanhado e rastreado ao longo da cadeia, isto não é novo, O que é novo é nós termos de fazer isto em massa nos nossos negócios, utilizando a digitalização, que agora temos ao dispor e antes não tínhamos”, comenta.
Um tópico que frisou foi a colaboração entre as empresas, tendo apresentado três casos de sucesso, entre a Delta e a Zeroo, entre a Lipor e a MC, ou entre a Lenovo e a Why Not.
“O caminho é: se não o começarmos, nunca o vamos fazer”, concluiu Filipa Pantaleão.