Após vários anos de debate desde o primeiro anúncio de um porto fluvial junto à plataforma logística em Castanheira do Ribatejo, a Agência Portuguesa do Ambiente aprovou agora a criação desta infraestrutura. A obra irá ter início até ao final deste ano e poderá retirar cerca de 100 camiões da A1, reduzindo o tráfego de uma das principais autoestradas do país.

Segundo o que o ECO/Local Online apurou junto de Luís Figueiredo, presidente do Grupo ETE, as propostas das empresas candidatas à construção já estão prontas a serem analisadas, o que irá acontecer até ao final do ano de forma a formalizarem a adjudicação.

A empresa estima um investimento inicial de 6 milhões de euros, e irá contar com uma área de dois hectares para um parque de contentores, suficiente para receber entre três e quatro barcaças, mas tendo um potencial de expansão para até 200 hectares de parque de contentores, numa área de terreno privado que ocupa toda a frente de rio ao longo da plataforma logística, localizada a menos de 400 metros da margem do Tejo.

A fonte revelou ainda que este serviço deverá estar pronto a partir do início de 2026, sendo que cada viagem da barcaça e do rebocador irá movimentar até 100 contentores. O volume, no entanto, irá depender da adesão das empresas ao serviço.

“Em vez de saírem de camião de Alcântara ou Santa Apolónia, os clientes podem ir buscar os contentores a Castanheira do Ribatejo”, destacou Luís Figueiredo ao ECO/Local Online.

O trajeto entre Lisboa e Castanheira do Ribatejo terá uma duração de quatro horas, percorrendo um total de 45 quilómetros entre estes portos.

O responsável revelou ainda à fonte que este projeto não se restringe a um transporte fluvial entre os portos de Lisboa e Castanheira, mas que pode ser uma oportunidade para o transporte multimodal. Localizado a apenas um quilómetro da A1, o Porto de Castanheira do Ribatejo poderá ser utilizado para o desembarque para camiões que tenham como destino o norte, através desta autoestrada, ou para destinos como o sul (A10, a poucos quilómetros), com ligação à A13, que por sua vez tem acesso às A6 e A2, no sentido de Espanha e do sul, respetivamente.

“Rapidamente estaremos em condições de pôr barcaças dia sim dia não”, afirma ainda o responsável à fonte. Por outro lado, explica que o rebocador tem capacidade de mover até quatro barcaças, o que aumenta o número de contentores movimentados numa deslocação para 400 por viagem. “O ideal seria fazer um comboio de quatro barcaças em simultâneo”, afirma ainda, estando apenas limitado pela procura deste serviço.

O ECO/Local Online apurou que esta solução de transporte trará um potencial corte nas emissões de CO2, desde que o negócio corra conforme a expectativa da empresa, reduzindo ainda o fluxo de camiões a circular, tanto na autoestrada como nas ruas de Lisboa. O responsável revela ainda que uma barcaça com apenas 10 contentores tem uma emissão semelhante à de um camião, devido à necessidade de um rebocador, mas que essa carga é apenas 10% da sua capacidade. “Numa equivalência de CO2 por transporte, a barcaça com 100 contentores representa 10% das emissões” de 100 camiões necessários para transportar a mesma quantidade de contentores.

“Uma das virtudes do nosso projeto é que não precisamos de dragagens. As nossas barcaças conseguem ir carregadas praticamente até Santarém”, afirma ainda Luís Figueiredo ao ECO/Local Online.

O projeto demorou cerca de 13 anos a avançar, tendo uma das limitações sido o Parque Logístico Lisboa Norte.