As empresas europeias carecem de uma estratégia que reforce a sua resiliência face às recentes disrupções na supply chain. Esta é a principal conclusão de um estudo desenvolvido pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), em colaboração com a Direção-Geral para o Mercado Interno, Empreendedorismo e Pequenas e Médias Empresas (DG Grow) da Comissão Europeia.

Divulgado na primeira semana de outubro, o estudo – “Navigating Supply Chain Disruptions: New insights on the Resilience and Transformation of EU Firms” – evidencia as pressões que as empresas europeias têm sofrido devido às perturbações no comércio global na era pós-pandémica, sublinhando a necessidade de respostas coordenadas a nível comunitário.

As recentes crises expuseram as vulnerabilidades das cadeias de abastecimentos, nomeadamente com a existência de dependências estratégicas. O relatório mostra que 37% das empresas identificaram, como obstáculo principal, o acesso a matérias-primas e a semicondutores, enquanto 34% admitiram ter sido impactadas por disrupções na logística e no transporte.

Enquanto apenas 22% das companhias que dependem unicamente de importações na União Europeia tenham relatado disrupções na logística e no transporte, a percentagem de empresas que depende de importações da China, por exemplo, e que deu conta dos mesmos problemas duplicou.

O estudo concluiu, ainda, que as empresas europeias envolvidas em cadeias de produção globais mostraram uma maior agilidade e capacidade de transformação face às perturbações da cadeia de abastecimento. Entre as respostas, estão a gestão de inventário e a diversificação de fornecedores e outros parceiros de negócio, de modo a diminuir a dependência.

Comentando estes dados, o economista principal da DG Grow, Román Arjona, sustentou que as empresas europeias estão a adotar estratégias para se adaptarem às incertezas atuais, considerando que o relatório mostra que o mercado único é essencial para construir cadeias de abastecimento resilientes e para proteger as firmas das disrupções externas.

Por sua vez, a economista principal do BEI, Debora Revoltella, notou que a segurança económica depende da capacidade das empresas para enfrentarem estas disrupções: “As nossas conclusões realçam a importância de apoiar as firmas no seu investimento em inovação e digitalização, ao mesmo tempo que diversificam os fornecedores.”

Este relatório resulta da análise de dados fornecidos por 1.100 empresas da União Europeia cuja atividade assenta na importação