A logística enfrenta um problema de escassez de mão de obra, com dificuldades em atrair e reter talento. Disso mesmo dão conta os operadores, que investem em campanhas de employer branding e na formação de profissionais especializados. Esta é uma realidade partilhada, nomeadamente, pela STEF e pela Garland.

Foi precisamente a necessidade de recrutar novos colaboradores, de modo a acompanhar “o crescimento acelerado e sustentável”, que levou a STEF, especializada em transporte e logística de produtos alimentares com temperatura controlada, a lançar ruma campanha de employer branding.

A iniciativa começou em França, há cerca de um ano, mostrando que este é um problema transversal às várias geografias. Os protagonistas são os colaboradores, que partilham os seus testemunhos. Chega agora a Portugal, estando presente nas redes sociais: de acordo com a empresa, o balanço está a ser “muito positivo”.

“A STEF está em constante crescimento e, nesse sentido, é importante atrair e reter novos talentos que consigam acompanhar as exigências da empresa. Com a nova campanha de employer branding esperamos colmatar essa necessidade, mostrando aos candidatos que estamos comprometidos em criar um ambiente de trabalho inclusivo, que ofereça todas as oportunidades de crescimento e formação contínua para que eles possam evoluir a nível profissional”, salienta, em comunicado, o diretor de Recursos Humanos da STEF Portugal, Carlos Figueiredo.

Atualmente, o grupo conta com 22 mil colaboradores, necessitando de recrutar anualmente cerca de quatro mil profissionais. Em Portugal, o número de colaboradores ascende a 500, sendo recrutados cerca de 25% de novos efetivos todos os anos.

No mesmo comunicado, a STEF adianta que a estratégia não passa apenas pela atração de novos colaboradores, procurando também fortalecer a retenção e o desenvolvimento contínuo, de modo a criar “um ciclo de atração, seleção, desenvolvimento e fidelização que garante o sucesso a longo prazo”.

O desenvolvimento contínuo é o foco da Garland Academy, do Grupo Garland, lançada há um ano com dois objetivos: por um lado, a formação onboarding, destinada à integração de novos colaboradores, e, por outro, a formação contínua, que visa o aperfeiçoamento constante das competências dos colaboradores.

Num balanço, a propósito do primeiro ano de atividade, a empresa dá conta de que se registaram 34 entradas de novos colaboradores, 230 presenças em formações e 10 cursos, nove dos quais desenvolvidos internamente.

“A Garland reconhece a crescente dificuldade em recrutar profissionais especializados, um desafio agravado pela escassez de formação superior específica na área”, destaca a empresa, em comunicado.

O CEO da Garland Transport Solutions, empresa de transportes do Grupo, Giles Dawson, acrescenta que a academia tem sido “fundamental para assegurar que os colaboradores, independentemente da sua experiência prévia, adquiram as competências necessárias para desempenhar as suas funções com excelência”.

Esta é uma realidade para a qual a APOL – Associação Portuguesa de Operadores Logísticos tem vindo a alertar. Num artigo de opinião, publicado na SCM, o presidente da associação, Vítor Figueiredo, alertava para o facto de, em matéria de recrutamento, o poder ter passado do lado das empresas para o lado dos trabalhadores, na medida em que a procura deixou de ser superior à oferta.

Fatores como a globalização do mercado de trabalho, o relevo geracional e uma maior valorização do equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal estão a contribuir para uma inversão significativa do mercado de trabalho. No que toca especificamente a logística, há fatores adicionais a juntar a esta equação, como o facto de ser uma atividade exigente em termos de disponibilidade e exposição ao stress.