O INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia vai desenvolver uma plataforma logística que dê resposta aos desafios que o setor das duas rodas enfrenta, no contexto de um uso crescente da bicicleta como meio de transporte.
O projeto, anunciado no site do instituto, enquadra-se na AM2R, agenda mobilizadora do Plano de Recuperação e Resiliência para aumentar a competitividade e a resiliência no setor. O objetivo é atingir ganhos de eficiência nas operações industriais, através da aplicação de tecnologias inovadoras no armazenamento e na movimentação de materiais, bem como na digitalização da atividade de armazenamento e fluxos logísticos.
Entre os desafios identificados pelo INEGI estão os que se prendem com o armazenamento e transporte de bicicletas elétricas. Isto porque a maioria das bicicletas elétricas no mercado utiliza soluções de bateria com células / iões de lítio, consideradas mercadoria perigosa e sujeitas a procedimentos e exigências específicas de segurança para efeitos de embalamento e transporte.
Também a segurança e rastreabilidade das bicicletas é uma questão, na medida em que os veículos de duas rodas podem representar um risco substancial para o consumidor no caso de integrarem componentes defeituosos, no caso de erros ou defeitos na sua assemblagem, ou ainda no caso de danos induzidos durante o seu manuseamento ou transporte. Por este motivo, os requisitos de segurança são elevados e é exigida a rastreabilidade do produto.
Há ainda desafios associados ao crescimento das vendas online, obrigando a que as operações logísticas sejam transformadas. O canal online é geralmente caracterizado por prazos de entrega extremamente curtos, o que, na ótica do INEGI, em particular no caso dos veículos de duas rodas elétricos, pode ser muito complexo, dado não serem candidatos óbvios ao transporte por via aérea. Acrescem o aumento do número de encomendas unitárias e monoproduto; a maior exigência de customização do produto; e o crescimento do número de devoluções e consequentes operações de logística inversa.
A outra face dos desafios são as oportunidades e, neste campo, o INEGI elenca a criação de sinergias entre empresas, essencialmente nas exportações para a Europa e nas importações com origem na Ásia, através da consolidação de cargas com potenciais ganhos de eficiência e tempo. Estas simbioses – nota – oferecem ainda um maior poder de negociação, aquando da aquisição conjunta, sobre os preços de obtenção de componentes, matérias-primas e tempos de entrega.
Destaca, ainda, o desenvolvimento de soluções de transporte e armazenagem específicas para o setor a nível nacional, exemplificando com a aquisição de veículos adaptados para o transporte de bicicletas que permitam a otimização da utilização do espaço do camião ou contentor aquando da exportação.
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