O preço do cacau duplicou desde o início do ano, devendo continuar em alta até, pelo menos, setembro de 2025, de acordo com os últimos dados do banco Wells Fargo. Em consequência, os fabricantes de chocolate estão a ser obrigados a alterar os seus produtos, de modo a depender menos daquela matéria-prima.
O problema já se havia colocado por altura do Dia dos Namorados e da Páscoa, duas épocas em que, tradicionalmente, se consome mais chocolate.
“O cacau não é uma cultura agrícola como as outras, que cresce em qualquer lugar. Precisa de condições específicas, de solo e temperatura, para crescer”, começa por enquadrar, em declarações à CNN, David Branch, gestor do Agri-Food Institute, da Wells Fargo.
Nos últimos três anos, uma série de eventos climáticos adversos tem afetado as produções de cacau na África ocidental, responsável por cerca de 70% do fornecimento global. Por um lado, o fenómeno do El Niño fez disparar as temperaturas e contribuiu para a seca das árvores de cacau, e, por outro, as chuvas torrenciais espalharam fungos e outras doenças, devastando as plantações. Acresce ainda que os ventos fortes têm arrastado poeiras, que limitam o acesso das plantas ao sol, logo atrasando o seu desenvolvimento.
Em consequência destes fatores, em agosto, a Organização Internacional do Cacau estimou que, esta época, a produção caia cerca de 14,2%. A escassez tem feito aumentar os preços e assim deverá continuar até setembro.
“Os armazéns estão a metade da sua capacidade e os stocks têm vindo a diminuir nos últimos 15 meses”, notou o porta-voz da Wells Fargo.
No entretanto, e de acordo com a CNN, os fabricantes de chocolates estão a encontrar alternativas, o que pode passar por reduzir o tamanho do produto ou por alterar o perfil de sabor, substituindo parte do chocolate por outros ingredientes, como bolacha ou avelã.
Citada pela CNN, a Mars, produtora de marcas como M&M’s, confirmou que, embora o chocolate continue no topo das preferências, este Halloween, a empresa aumentou o seu portefólio de doces frutados e gomas.