O relatório “2025 Ocean Outlook”, da Xeneta, assinala um ano difícil para o transporte marítimo de contentores, alertando para o aumento dos riscos geopolíticos que podem perturbar as cadeias de abastecimento globais. “As luzes vermelhas estão a piscar no painel de instrumentos geopolítico, e seria insensato ignorá-las”, adverte a analista.
Se 2024 foi marcado por conflitos no Mar Vermelho, ameaças semelhantes poderão persistir em 2025, sem qualquer sinal de estabilidade que permita o regresso seguro dos navios porta-contentores à região. Os desvios em torno de África aumentaram a procura de TEU/milha e, embora os novos navios e o crescimento mais lento do volume de TEU possam ajudar a aliviar alguma pressão, não compensarão outra grande perturbação.
As preocupações geopolíticas vão desde a possibilidade de uma escalada do conflito no Estreito de Taiwan até à potencial agitação no Bangladesh e ao agravamento da situação no Médio Oriente, em especial no Golfo Pérsico.
A Xeneta observa que a procura de transporte marítimo de contentores deverá crescer três por cento em 2025, ligeiramente abaixo do crescimento de 4-5 por cento em 2024, que ultrapassará a marca dos 180 milhões de TEU.
O comércio da China para o México, no entanto, continua a aumentar, impulsionado pelas tensões entre a China e os Estados Unidos, funcionando aqui o México como uma espécie de “porta dos fundos” para evitar as tarifas norte-americanas. No acumulado do ano, a procura de TEU entre a China e o México aumentou 22,1 por cento em comparação com 2023, após um salto de 34,6 por cento em 2023. O mesmo cenário registou-se entre a China e o Médio Oriente, onde os volumes aumentaram 52% desde 2021. Influência das eleições nos EUA e mudanças de alianças.
As eleições presidenciais norte-americanas podem reconfigurar o cenário do transporte de contentores, com possíveis novas tarifas sobre as importações chinesas levando os carregadores a reconsiderar as rotas e possivelmente a aumentar as importações do México. “Em 2024, assistiu-se a uma forte antecipação de cargas e a distâncias de navegação alargadas, o que poderá mudar em 2025, apresentando um risco para a procura, a menos que as condições se tornem ainda mais voláteis”, afirma Peter Sand, analista chefe da Xeneta.
As mudanças nas alianças de transporte marítimo terão impacto nas escolhas de rede em 2025, com a OCEAN Alliance, a Gemini e a Premier Alliance a ajustarem as rotas e as escalas nos portos. Por exemplo, prevê-se que a MSC domine as rotas entre o Extremo Oriente e Antuérpia com quatro escalas semanais, em comparação com uma da Premier Alliance e nenhuma da Gemini. Os carregadores poderão ter de reavaliar as suas escolhas de transportadores com base no custo, fiabilidade e acesso aos portos, e Sand aconselha-os a manterem as opções em aberto e a responsabilizarem os transportadores pela qualidade do serviço.
Após um 2024 turbulento, os carregadores esperam mares mais calmos em 2025. No entanto, a analista de mercados recomenda cautela, alertando para a importância de estarem preparados para mais perturbações e desafios no próximo ano.