A integração da automatização e da inteligência artificial no setor da logística e nas cadeias de abastecimento é essencial para o sucesso e a sustentabilidade da indústria do e-commerce. 

Os fornecedores de logística estão a adotar cada vez mais novas tecnologias que melhoram a gestão da cadeia de abastecimento – através do planeamento da procura, de procurement, da standardização de processos e da otimização da entrega na última milha. 

Cada uma destas inovações permite uma maior eficiência, através de funcionalidades como o acompanhamento em tempo real dos processos e a análise preditiva. Isto, por sua vez, leva a uma melhoria das operações e permite uma melhor tomada de decisões. No entanto, apesar destas inovações, muitos fornecedores de logística ainda operam com processos tradicionais e isolados que não conseguem aproveitar, em pleno, o potencial das tecnologias digitais avançadas. 

Para liderar a eficiência da cadeia de abastecimento, os fornecedores de logística devem adotar proactivamente novas tecnologias, como robôs de recolha assistida, tecnologia “goods-to-person” e análises baseadas em IA, abandonando as abordagens ultrapassadas. Do mesmo modo, terão de tirar partido da análise avançada de dados e das ferramentas de machine learning para simplificar as operações, otimizar a atribuição de recursos, automatizar os fluxos de trabalho e adaptar-se dinamicamente às alterações da procura em tempo real. 

Utilizando uma plataforma de orquestração, é possível integrar de forma fácil tanto as tecnologias existentes como as mais recentes. Desta forma, as empresas criam uma cadeia de abastecimento verdadeiramente ligada e mais preparada para melhorar a eficiência, a resiliência e a otimização dos custos.

A orquestração de armazéns ajuda os fornecedores de logística a equilibrar de forma mais eficiente os recursos humanos, robóticos e automáticos para a otimização da mão de obra de forma dinâmica e assegurando que os robôs autónomos e os profissionais colaboram de forma eficiente para cumprir as encomendas prioritárias. Esta sincronização elimina os constrangimentos nos processos de recolha, embalagem e entrega.

Tecnologias como os robôs de recolha assistida estão a transformar a logística e as cadeias de abastecimento, especialmente no e-commerce, pois permitem navegar eficazmente nos espaços dos armazéns, enquanto disponibilizam o tempo necessário para que os colaboradores se se concentrem em tarefas especializadas. Os resultados são ganhos de produtividade que variam entre 30% e 250%.  

Segundo os números da Anacom, só no ano passado 44% da população residente em Portugal fez compras através da internet, tendo-se registado um aumento de 1,3 pontos percentuais face ao ano anterior, sendo que a tendência é que os números sejam ainda mais expressivos no final deste ano. Com este crescimento no ecommerce, as empresas locais e os fornecedores de logística têm uma necessidade e oportunidade urgentes de reconsiderar a forma como a automação e a IA podem potenciar o acompanhamento deste crescimento esperado. Isto irá melhorar e agilizar a troca automatizada de dados e a monitorização de processos, permitindo uma melhor previsão de riscos, mitigação de interrupções e impulsionando as atividades de comércio eletrónico.

Muitas cadeias de abastecimento regionais ainda tendem a funcionar de forma reativa. Para ultrapassar este desafio, os fornecedores de logística terão de implementar a automatização flexível de forma estratégica na cadeia de abastecimento, ultrapassando as exigências operacionais. Por exemplo, a DHL Supply Chain está envolvida com os principais participantes do espaço de integração de sistemas para complementar o portefólio robótico e de automação com integração rápida (plug-and-play) e o fluxo de dados contínuo e harmonizado que define a base para a organização e funcionamento de um armazém de logística.

Além disso, a equipa recorre à Inteligência Artificial para organizar e analisar dados, otimizando a disposição dos armazéns e a gestão dos recursos e do inventário. A DHL também implementa ferramentas de dados e análises como o IDEA, que utiliza um algoritmo de IA para tornar o e-fulfillment mais eficaz, ou o OptiCarton, uma solução de IA para otimizar a embalagem de caixas. 

Perante o cenário atual de avanços tecnológicos, não se trata apenas de implementar novas tecnologia, trata-se também de atualizar as competências dos colaboradores para que estes supervisionem e colaborem com os robôs. A preocupação de que os robôs venham a substituir os humanos é infundada e irrealista: não se trata de substituição, mas sim de colaboração e automatização de tarefas. É um processo de evolução. 

No domínio da robótica industrial, este conceito é frequentemente referido como os “Quatro D” – Dirty, Dull, Distant, and Dangerous – e representam os tipos de tarefas em que os robôs e as ferramentas de inteligência artificial podem efetivamente ajudar as equipas de logística. 

Neste momento, as empresas devem proporcionar as oportunidades de adaptação profissional aos indivíduos que desempenham funções que podem passar a ser delegadas a robôs, permitindo aos profissionais assumir outros cargos dentro do setor da logística. Muitas empresas estão também a aproveitar a automatização para aumentar o rendimento do seu negócio, mantendo o espaço e utilizando os recursos existentes. 

A adoção da robótica e da Inteligência Artificial no setor logístico está a tornar-se uma realidade, que por vezes aparenta ser assustadora. E em momentos de medo e aflição, as empresas de se destacar em mercado: é importante saber como integrar estas tecnologias na sua cultura organizacional e nas suas práticas comerciais.

Hendrik Venter, CEO | DHL Supply Chain Europe Middle East & Africa